ISOLAMENTO

VIVO ISOLADO,
PERDIDO NOS AUTOS
POROS EM MIM VIVIDOS.
VIVO TRANCADO,
JANELAS E PORTAS SEM
TRINCOS,
ME DEIXAM SEM FINS.
VIVO PODADO,
CORTADO HOMEM ÁRVORE
CAÍDO HOMEM NADA.
VIVO PERDIDO,
ESQUECIDO NAS ONDAS DOS SEM FIM.
VIVO EXILADO,
FACÍNORA, MANÍACO HOMICIDA
SEM MIM.
VIVO,
OU PELO MENOS ACREDITO VIVER
AINDA QUE VIVER
REPRESENTE UM ERRO,
NUMA CAMINHADA QUE SE ESVAI,
NUMA CORRIDA QUE PERDI,
NUMA CHEGADA
SEM FIM.

MÃOS CORTADAS, ALMA RESSEQUIDA

QUANTAS VEZES PENSEI EM TER FUTURO
IMAGINEI CINEMAS
SHOPPINGS E BUTIQUINS
IMAGINEI CASTELOS
FARRAS E CARNAVAIS.
QUANTAS NOITES SEM DORMIR
A GARGALHAR
E CRIAR ILUSÕES
PARA ME POR UM FIM.
DIAS A PLANEJAR FESTAS, ENCONTROS
E ATÉ POSSÍVEIS BACANAIS,
MAS AS IDÉIAS DEIXAM DE TER VALOR
QUANDO O HOMEM PERDE O SEU.
IMAGINEI-ME CORADO DE VERGONHA
E A VERGONHA JÁ PERDI,
IMAGINEI ILUSTRE HOMEM
E SÓ FRACASSOS COLHI,
PLANTEI BELAS ÁRVORES
E PÓSTUMAS AS VI.
MINHAS MÃOS ANTES
MARCADAS DE RELÓGIOS,
HOJE CARREGAM FERIDAS
INTACTAS,
DOTADAS DE DOCES ARDIS.
IMAGINEI UM FUTURO VIVO,
MAS ME PERDI
EM OUTRAS DIMENSÕES DE MIM
E MINHA ALMA RESSEQUIDA
VIVI.
HOJE PÓSTUMO HOMEM CANSADO
ME VEJO AO MEU LADO
ESPERANDO A HORA
DE PODER PERDER O RESTO
QUE AINDA NÃO MORREU EM MIM.

FRACASSOS CONSTANTES

HOJE ACORDEI TRANQUILO,
RINDO AOS CÉUS DOS HORIZONTES ESCUROS
FINGINDO PAZ NUMA GUERRA
INGLÓRIA,
ME DIVERTINDO NOS CAMPOS MINADOS DA ALMA
BRINCANDO AMARELINHA
NAS RUAS ENSANGUENTADAS DE
OLHOS TRISTES E LACRIMOSOS.
HOJE RESOLVI MUDAR,
ACORDEI EM PAZ,
PACIFICANDO OS OCEANOS,
ME BANHANDO NAS ÁGUAS DO EQUÍVOCO
ONDE ME ENCONTRO AGORA A DORMIR.
AFOGAR-ME EM DELÍRIOS
SERIA SOMENTE UM SONHO BOM.
HOJE EU MUDEI DE CASA
ENCONTREI UM CANTINHO
NOS DESVÃOS DOS ACONTECIMENTOS
E ME JOGUEI LAPIDADO,
ASSIM SEM NADA NAS MÃOS,
PERDIDO NA MARÉ DOS ACASOS.
HOJE PROMETO NÃO ME VANGLORIAR
NEM DAR DE OMBROS PROS MEUS ERROS,
E ADMITO CADA SEGUNDO PERDIDO
QUANDO NA VERDADE
NÃO HÁ PERDA
QUANDO NÃO SE TEM NADA,
NEM A CERTEZA DOS DANOS CAUSADOS.

LAMENTOS

OS LAMENTOS SÃO ENGRAÇADOS,
COMOVENTES
DEIXAM-ME DORMENTE.
OS OLHOS FUSTIGANTES
AGORA ASSOMBRAM-ME AS FACES
EM FASES DE LUA ENCONTRAMOS
LOBOS
UIVANTES EM MATILHAS.
OS LAMENTOS SÃO HOMEOPÁTICOS,
EM DOSES
AGRIDO-ME OS VERSOS
E EM INVERSOS SONETOS
CONCLUO MEUS POSSÍVEIS
SENTIMENTOS AGREGADOS,
TALHADOS EM CAIXINHAS
DE PAPELÃO.
OS LAMENTOS SÃO SORTE
COM ELES
VIVE-SE A VÍTIMA MARTIRIZADA
A ALMA MARCADA
E A VILANIA
AÇOITADA,
PORQUE SER A VÍTIMA
NOS DÁ A CHANCE DE SERMOS
FALSOS PALHAÇOS
EM FRÁGEIS CORDAS
BAMBAS
DE VIDA E SORTE
DE AZAR E MORTE.

DELEITES

PEÇO ASSIM QUE SE DEITAR
LIGAR EM MIM
SEUS SONS
E ME PASSAR AS HORAS
A FERRO QUENTE,
QUEIMAR-ME AO SOM DOS SEUS SUSPIROS
E ME FAZER GEMER EM SINFONIAS.
PEÇO ANTES DE ACORDAR
ROLAR EM MEUS SONHOS LINDOS
DELICIAS DE AMOR
INDA NÃO VIVIDAS,
PARA NOS MOMENTOS DE ACORDAR
SENTIR MINHA PELE SEM FERIDAS
DE AMOR.
PEÇO ANTES DE TRABALAHR,
BEIJAR MINHA BOCA DE HORTELÁ
E MENTALIZAR
O CHEIRO DOCE DO CAFÉ EM SEU BEIJO,
CORRIGIR OS ENGANOS NOS ABRAÇOS
E ME AMAR AO SOM
DO MAR PROFUNDO.
PEÇO ANTES DE VOLTAR
TRAIR-ME NAS RUAS DO MEU CORPO,
DESEJAR O IMPOSSÍVEL,
PARA QUANDO CHEGARES EM CASA
ME VER ARDER EM
SEU PEITO QUENTE.
PEÇO ANTES DE BANHAR-SE
GOZAR SUORES
VIVER ALGURES
E DAR DE MIM
UM SER ASSIM,
TODO MEU
MESMO ANTES DE DORMIR,
PRÁ SONHAR SEUS SEXOS
EM MIM...

GARGALHADAS

A MINHA VONTADE AGORA
É RIR DE VOCÊ
ASSIM SENDO
EU RIO,
ME ABRO EM GARGALHADAS HONESTAS
ME PONHO A DERRAMAR LÁGRIMAS
INDIGESTAS,
MAS AINDA SIM,
ME PONHO A RIR.
PERCO O TOM
O TINO
E JEITO
ME VEJO IMPERFEITO,
INANIMADO,
E QUANDO ME ACORDO
DESCUBRO QUE NÃO ENTENDES NADA,
E TORNO A RIR DE SUAS
VICISSITUDES
PORQUE ASSIM
ADMITO FRAQUEZAS
MAS NÃO ME VEJO TORTO.
CADA MOMENTO AGORA
SERÁ FESTEJADO,
UM REBOQUE DE CORAGENS
ME DEIXAM A CARA CORADA
ASSIM MARCADA
EM TOM CARMIM,
NÃO DE VERGONHA
MAS DE DIVERTIMENTO.

SINAL VERMELHO

OS MEUS SINAIS ESTÃO FECHADOS,
NÃO ADMITEM SUA INVASÃO,
AS ENTRADAS DE MINHA VIDA
SÃO IDÉIAS
APENAS SINTETIZAM O MEU SER.
SOU INEXATO,
FRUTO PERDIDO,
UM SER ATURDIDO EM FINAIS DE CAMPEONATO.
MEU TIME PERDEU
E VIVE A SE DESESPERAR.
MINHA CHAVE ESTÁ PERDIDA
LARGADA NOS MUNDOS DOS CEGOS
ENCONTRADA NAS LUZES DO PORVIR.
AINDA QUE VOLTES A ME BUSCAR
ESTAREI PERDIDO,
COM AS PORTAS FECHADAS
E NÃO ADMITINDO SUAS INVASÕES CANSADAS.

EU NÃO SABIA

EU NÃO SABIA SER SEU,
FUGI,
NÃO SABIA SER MEU,
MORRI,
NÃO SABIA SER GENTE
PERDI,
NÃO SABIA SER FONTE
ESGOTEI,
NÃO SABIA SER SENTIDO
MENTI,
NÃO SABIA SER AMADO,
ARDI,
NÃO SABIA SER VIVIDO,
PAREI.
HOJE
SOU UM VERSO EM CONSTRUÇÃO,
NÃO SEI NADA DE MIM,
NADA DE TI,
NÃO SEI NEM EXISTIR,
MAS ADMIRO MINHAS HORAS
EM QUE MESMO SEM SABER DE NADA
VIVO INTENSAMENTE A IGNORÂNCIA
QUE NÃO ME DEIXA PORMENORIZADO
AOS HOMENS,
E AINDA SIM
CONSIGO VIVER
MESMO QUE HAJA A DOR
DE NÃO SABER SER
QUALQUER COISA ASSIM.

MORTES

A VIDA NOS OBRIGA A MORRER
NOS TIRA O AR DE VIDA,
NOS ROUBA O DOM DO VIÇO.
A VIDA FINGE SOLUÇOS
E RI EM SILÊNCIO...
SOMOS TODOS FANTOCHES
BRINQUEDOS TRISTES
NA ALEGRIA DA VIDA.
UMA LOUCA DANÇA
ONDE AS MARIONETES
SÃO OS PRÓPRIOS MANIPULADORES,
E ASSIM A RODA DA VIDA
GIRA,
E NOS FAZ CAIR
TONTOS DE ALEGRIAS DOENTES
CANSADOS DE ALGOZES CONTENTES.
A VIDA É MORTE
E COM ELA
EXISTE A SORTE
DE SER VIVO E MORTO,
NUMA CONSTANTE
DANÇA DOS MEDOS,
DE VIDA E MORTE.

(HOMENAGEM À POLIANA)

LIGAÇÕES

QUANDO ME LIGAS

MEU CORAÇÃO SOFRE

PARTE-SE EM

MÍNIMAS VERDADES.

QUERO OUVIR VOCÊ,

MUITO A DIZER

E O MEDO DE SE ARREPENDER!!!

DESLIGO AS CHAMADAS

APAGO MINHA AGENDA

E CORRO PRO TRAVESSEIRO,

QUERO PARTIR-ME EM

VESTES,

PERDER A NOÇÃO DE SER

E SER O QUE NÃO DEVIA.

AS LIGAÇÕES SÃO FORTES

POIS QUANDO DESLIGO

O TELEFONE

MINHA ALMA FOGE AO TEU ENCONTRO.

SUOR DOS OLHOS

NOS DIAS EM QUE FUJO,
ABRO ASAS
E ALÇO VÔOS RASANTES.
VEJO DOS CÉUS MENINAS CANTANDO
O SONHO DOS SONHOS DOS OUTROS.
ADMIRO CADA MOMENTO
E CADA MOMENTO
ME VERTE,
DE LINDAS IMAGENS TRANSITÓRIAS
DE AUTOS SONHOS MEREJANTES,
DE ALUCINAÇÕES CONSTANTES.
VEJO OS DIAS COMO FESTA
TODOS SE DIVERTEM
E MEUS OLHOS LACRIMEJAM,
OLHOS QUE DERRAMAM SUOR.
E QUANDO A FESTA ACABA
VEJO MEU VÔO CAIR,
PARTINDO PARA O
CAMPO DAS ILUSÕES
ONDE TORNO A SONHAR
UMA VIDA MENOS BANDIDA,
COM ALEGRIAS SEM MEDIDA,
E SUORES RETÍNEOS
CONSTANTES.

BREVES MOMENTOS

ENTRE MARES E FONTES
ENCONTREI TEUS GESTOS
CANSADOS, DORIDOS E MÁGOAS.
NAVEGUEI CASTELOS OUTRORA PERDIDOS
VIAJEI LUGARES INSÓLITOS
E DENTRO DE TI ME ABRIGUEI.
ESPEREI TEMPORAIS CESSAREM
E POR LÁ ME CONSUMI,
PERDIDO NOS VULTOS DA ALMA
PERDIDO EM SILVOS INGRATOS.
ENTRE TREVAS E ILUSÕES
SONHOS CEDI
AOS VENTOS, AOS MAGOS, E NADA DE MIM.
BURLEI TEUS OLHOS
FORJEI SENTIR,
E EM NADA ME PARECE EM TI.
CADA MOMENTO MEU
VEJO TUA VIDA
REPLETA DE MIM,
ENCHERTADA DE MINHAS CANÇÕES
PORQUE EM TI
ENCONTREI UM SER
QUE UM DIA PERDI.

SANDALOS E PEDRAS

HOJE ACORDEI SOZINHO,

VAZIO

UM MERO REFLEXO DO QUE SOU.

ENCONTREI MEUS CANTINHOS FECHADOS

PERDIDOS EM MINHAS LOUCURAS TODAS.

LEVENTEI-ME E SENTI O VAZIO QUE

DEIXASTE

TÃO PRIMAVERA EM MIM,

FLORES E FERIDAS

DENTRE AS MINHAS PREFERÊNCIAS.

ALGUÉM QUE TANTO AMO,

ALGUÉM QUE TANTO CHAMO

ME DÓI DIZER PERDI.

HOJE,

ACORDEI ATURDIDO

OLHOS E PEDRAS CANSADAS,

BOCAS FECHADAS

PELE AO RELENTO.

AGORA,

ME VEJO ASSIM

AQUI DIVAGANDO TEXTOS

IMAGINANDO COMO TE COMOVER

E TE TRAZER PRA MIM.

IMAGINO SANDALOS DOURADOS

CHEIRO DE MATO,

IMAGINO PEDRAS DA LUA

AQUELAS QUE REFLETEM

AS SUAS NUAS FACES...

MAIS UMA VEZ AMOR

SOU UM ACASO,
INDESEJADO HOMEM BANAL,
BANALIZADO EM TER O IMPOSSÍVEL
SENTIMENTOS INATIVOS,
IMPERFEITOS OLHOS A ME VER.
SOU UM ANCIÃO,
UMA CRIANÇA CHORANDO O PÃO,
UM VELHO GAROTO
CHORANDO SEUS VÃOS,
UM JOVEM SENHOR
EM FUGA CONSTANTE.
SOU UM GIGOLÔ,
UM ETERNO EFEITO EM DEVIR...
UMA ROCHA INSONDADA
UM FLERTE COM O EGO,
UM AMASSO NO VAZIO DOS CEGOS DESEJOS.
SOU UMA FARSA,
UMA BRISA ALEGRE E DESCARADA
UMA NOBRE CRIATURA EM DESUSO,
UM CODINOME SEM JUSTIFICATIVA,
UMA VERDADE EM PARTIDA.

O EU FARSANTE

PROCURO NOS CANTINHOS DO SER
UMA PÉROLA,
UMA FARSA
ALGO QUE ME FAÇA ENTENDER QUEM SOU...
BUSCO EM ANTIGAS ESCRITURAS
GESTOS,
SENTIMENTOS
OCULTOS DESEJOS IMANENTES A MIM.
NÃO SEI A MEDIDA DO AMOR,
PERDI O CONTATO COM OS VÃOS,
ADMIRO MINHA CORAGEM FORÇADA EM TE ACHAR.
APENAS UMA ILUSÃO
VERDADE CRIADA A ME FAZER FELIZ,
SONHO VIVIDO A ME CATIVAR.
E QUANTO MAIS PROCURO
MAIS ME PERCO,
MENOS SEI OS CAMINHOS DO ADEUS
E ANTES DE ME LIVRAR
ME VEJO CANSADO
LARGADO
TORPE
INEXATO,
E VENDO MEUS SONHOS
MORREREM...

MEU MEDO SE FEZ VERDADE

OS DIAS SÃO COMO NOITES
ME CAMUFLAM
ME DEIXAM ABSORTO NAS ESCURIDÕES
HUMANAS.
SOU EU UMA HORDA
ASSIM MARCADA POR GUERREIROS
ME VEJO EXÉRCITO
ME VEJO BANDO.
UM HOMEM PLURAL,
AO ACASO FANTASIADO DE GENTE
VESTINDO A MÁSCARA DO BOM MOÇO
AGINDO COMO UM VILÃO.
O QUE ME FAZ CHORAR
ME FAZ VIVER
O QUE ME SANGRA
ME DEIXA LIVRE.
ME VEJO EM VESTES ESCUSAS
FESTEJANDO AS NOITES
OS CARNAVAIS MEDONHOS
MÚSICAS FÚNEBRES EM DIAS DE ALEGRIA.
ME VEJO HOMEM SINÔNIMO,
SUBSTANTIVANDO MEU EGO,
VERBALIZANDO OS SONS INTACTOS
DOS OLHOS QUE SANGRAM,
NÃO OLHE PARA MIM
MEUS OLHOS ESTÃO SANGRANDO
EMANANDO ARDOR E FEBRES
ME DANDO UM DIA DE ALEGRIA,
UM DIA DE FERVOR,
EM QUE ME VEJO LIVRE
PURIFICADO EM MINHA PRÓPRIA DOR.

INDELÉVEIS CONTATOS

EU HOMEM,
CANSADO DOS DIAS INCONSTANTES
DOTADO DE OUTROS INVÓLUCROS,
PRECISO ME ABRIR EM LÁGRIMAS
ME ENCHER EM LÁSTIMAS
ME CHAMAR EM VERBOS SUJEITOS,
CANTADOS OUTRORA
HOJE APENAS CANSADOS.
EU VESTES,
UMA MERA COISA NENHUMA
ANEXADA AOS OLHOS ALHEIOS
DIRECIONADO QUE SOU
À PURA ESTÉTICA NARCISISTA
MEDÍOCRE.
EU COVARIA,
ASSIM CANTANDO NOITES
VIVENDO UM DIA COMO ÚNICO
MENTINDO A MIM
SOBRE QUEM SOU
E SOBRE QUEM DEIXEI DE SER.
EU ÓDIO,
AMANDO LOUCAMENTE AQUELES A QUEM DESEJO,
DESEJANDO TUDO O QUE ME É FANTÁSTICO,
FANTASIANDO O ÓBVIO,
E REMEXENDO MEUS PASSADOS A FERRO,
COMO FORMA DE ODIAR
O QUE É TÃO AMÁVEL.
EU FRUTO,
ASSIM PRONTO PRO DELEITE,
ASSIM MARCADO POR SEUS DENTES,
ASSIM AMANDO SEUS ELEITOS.
EU VIDA,
VIVENDO O FÁCIL
O OPRIMÍVEL,
O INDEFECTÍVEL,
EU SINAL,
SINALIZANDO OS VENTOS
E COM OS VENTOS TE
SEDUZINDO.

Homem em Campanha de Desgosto

Sujeito inanimado,
arejado corpo em efeitos modestos.
Nuas cores em declínio
fingindo forças em desalinho.
Imagino-me sedento,
rasgando órgãos,
sem notas
nem músicas.
Analiso carateres
abrigo-me em eventos outonais
e caio em barrancos
iluminados de escuros olhos.
Cansei-me de vagas decisões
Cansei-me de objetos faltosos
Caminhos obtusos,
Homens inexatos.
Cansa-me ainda mais
As forças inequívocas
do que poderia ter sido,
não fosse todas as palavras aqui ditas
e marcadas como fogo,
esquecidas como dores,
mas ainda
sim marcadas.

INFINITOS DESEJOS
ME CORROMPEM O SER
CHAMAM-ME AOS GRITOS
E DE DELÍRIO ME EMOCIONO.
SUPOSTAMENTE ME VEJO ALADO
FUGINDO DO MUNDO INATIVO DOS OLHOS
E ABRO FENDAS EXTRAVIADAS
ONDE NÃO HÁ MAIS ESPAÇO
A SER DESVENDADO.
SUBESTIMO CADA OLHO
CADA GESTO A MIM EXPOSTO
E BANCO VÍTIMA
PRA QUANDO SOZINHO ESTAR
RIR DAS CARAS ROTAS
QUE SE DESESPERAM POR MIM.
AQUI ADMITO MINHAS FRAQUEZAS
MINHAS INDECÊNCIAS
MINHAS CATIVAS DECISÕES
E QUANDO VERES
MEUS OLHOS ENCHARCADOS
SENTIRÁS ASCO
PORQUE A VERDADE
ESCOA POR ELES.

Musas, Divas e Dádivas

Não precisas ser o máximo
Nem ser uma puta
Apenas seja sua
alma,
moça
leve
sentida.
Não quero divas,
Quero musas
Não quero santas
Quero dádivosas
meninas
mulheres
humanas.
Não preciso de fadas
Nem quero piadas
Quero uma muda
Que me faça rir
Uma burra
Que me ensine sorrir.
Não quero mártir
Quero partir
e em você
me fazer sentir...

DE CARA PRO MUNDO

ABRO OS BRAÇOS
E COM A ALMA LAVADA
ME ENTREGO EM LAÇOS.
EM BRAÇOS FITADOS ME TRAÇO.
DESENHOS FRÁGEIS EM ALTOS RELEVOS.
QUENTE COMO VERÃO DO LESTE
ME ABRO EM BRAÇOS
RECEBO VOCÊ ASSIM.
SUADOS CORPOS
TOM MARFIM.
VELEJO VESTES
MUDO ROTAS A OESTE
E TE ACHO EM CIRANDAS CANSADAS.
PARA NO CÉU DOS SEUS OLHOS
ENXERGAR CAMINHOS
COR CARMIM.

PARA ALÉM DAS IDÉIAS

AQUILO QUE PENSA É MUNDO
É FADO CANTADO
O ALÉM É IDÉIA,
ESTÁ EM TRANSCENDÊNCIA ETERNA
EM ETERNA VIAGEM ASTRAL,
O QUE ACONTECE CONOSCO
NO FUNDO NO FUNDO
JÁ ACONTECEU...
NO AQUÉM DO QUE PENSAMOS SER,
NO DEVIR DO QUE ESPERAMOS VIVER.
E ASSIM SE FAZ O HOMEM
DE PÃES E SEXOS,
DE AMORES
E DE GESTOS,
PERDIDOS OU NÃO
PARA ALÉM DAS PERDIDAS IDÉIAS
JOGADAS NOS MARES PROFUSOS
ENTREGUES
AOS OLHOS DAS FADAS.
QUANDO ALGO ACONTECE
É PORQUE ALGUÉM JÁ CRIOU
O UNIVERSO.
E EM FUNÇÃO DOS ACONTECIMENTOS
CONSPIROU-SE
A FAVOR
DO QUE VOCÊ NEM PENSAVA
VIVER...

SONS E SINTOMAS

OUÇO VOZES,
CORAÇÕES CANSADOS
EXTRAVIADOS GESTOS EM OUTONO
E NUMA ESTAÇÃO DE TRENS
PERCO MEU ÔNIBUS.
VIAJO HORAS A FIO
E EM DIAS CHEGO A SUMIR DOS MAPAS.
MAPEIO SILÊNCIOS
E VOLTO A OUVIR VOZES
SÃO SINTOMAS EU SEI
DE UMA LOUCURA DENSA E MARCADA
DE UMA LUTA MANCA
E SINTÁTICA.
TENTO ME LIVRAR DOS SONS TARDIOS
E APENAS CONSIGO ME LIMITAR
DAR A MIM O NADA
UM VAZIO SAGRADO
E PROFANIZO FLORES
CAIO EM CONTRADIÇÕES
E ACIONO MINHAS MÁSCARAS.
QUANDO PEGO MEU ÔNIBUS
É TARDE
O TREM JÁ PARTIU...

CINICOS E FLORESCENTES

INTITULO GESTOS,
ADMIRO OLHARES
ME COMOVEM SENTIDOS.
A SUA BOCA FLORESCE COMO JASMIM,
ENCANTA O MEU JARDIM,
E ASSIM ME VEJO,
CINICOS OLHOS ENCANDESCENTES.
QUANDO ALVORECES
ME SINTO ÁRDUO
CANSADO HOMEM SAUDOSO,
SÁDICO MENINO GOSTOSO.
E QUANDO FUJO
ME ESCONDO NOS RECÔNDITOS
OLHOS MALICIOSOS DE SUA ALMA
E ME ACHO PERDIDO
NOS ESPELHOS
DO SEU CAIS.

ELEMENTOS E INCESTOS

ELIMINO SUORES
SABORES DE CORPOS EM VÃO.
TODOS OS ELEMENTOS
ME SÃO SINOUSOS
FAMILIARES
DELICIOSOS.
ABRO MEU ZÍPER DOS OLHOS
E IMAGINO SEDUÇÕES
ARMAÇÕES E OBTUSAS RECLAMAÇÕES.
FAÇO DOS NOSSOS GESTOS
INCESTOS DELICADOS
ASSIM COMO INFANTE
COM SEXOS DELIRANTES
E MENINAS DOS OLHOS AZUIS
A SE ENCANTAR.
QUERO TODOS OS TETOS
CAINDO SOBRE NÓS
NOS MATANDO O PRAZER
ASSIM MESMO
QUANDO ESTAMOS SÓS,
E SOB A VOZ DO VENTO
AO RELENTO NOS DESPIR
E DE UMA VEZ,
REPETIR NOSSOS DESERTOS
E NOS PERDER DE SE ACHAR.

SORRISOS E GESTOS EMOLDURADOS

MINHAS ILUSÕES SÃO COMO QUADROS,
ESQUADROS ESCONDIDOS EM MIM.
DESEJOS À REVELIA ESCONDIDOS
NOS VÃOS DA PORTA,
NA FECHADURA ENCONTRA-SE UMA LÍNGUA
QUE ME LAMBE E ME FASCINA,
E QUANDO ESCANCARO
A PORTA SE ARREBENTA
E ME DEIXA ASSIM CANSADO,
DOTADO DE OLHOS ESCUSOS
LANCEADOS AOS MEUS FLORINS.
SORRISOS NAS MOLDURAS
ME DEIXAM ALEGRE
NÃO MENOS TRISTE QUE ONTEM,
NÃO MENOS FRACO QUE AMANHÃ.
CADA VEZ QUE TE OLHO
IMAGINO CENAS
UM FILME DE AÇÃO
ACIONANDO MINHAS EMOÇÕES
GESTOS PERFEITOS,
IMORTALIZADOS PELOS QUADROS
QUE OUTRORA ESQUADROS
NAS MOLDURAS EU VI.

ANTES QUE O DIA TERMINE

ANTES QUE O DIA TERMINE
QUERO UMA TRANSA MASSA
QUERO UMA ALMA FÁCIL
UMA DOCE E FRÁGIL EMOÇÃO.
ANTES QUE O DIA TERMINE
QUERO SÓLIDOS GESTOS
QUERO AMIGOS CORRETOS
E SONHOS POLITICAMENTE NEFASTOS.
ANTES QUE O DIA TERMINE
QUERO COLO
QUERO UM SOLO
PRA ME DEITAR.
ANTES QUE O DIA TERMINE
QUERO FOLGA
ASSIM ME SOLTA
E QUERO TECER DESEJOS AO SOL.
ANTES QUE O DIA TERMINE
FAÇO VOTOS
DE VIDA E DE MORTE
PEÇO SORTE
NO JOGO E NÃO AMOR
QUERO CORTES
SEM SANGUE
COM MUITO DELEITE
E ANTES QUE O DIA TERMINE
QUERO QUE SE DEITE
E EM MEU LEITO
DESCER AO CHÃO
ANTES QUE O DIA TERMINE
NA BUSCA DE SE ENCAIXAR NOS VÃOS.

ASSIM TE VEJO

Assim te vejo,
meio pura,
meio casta,
meio alma.
Vejo olhares espios,
e reteso.
Admito sensíveis sinais e amoleço.
Assim te concebo,
meio graça,
maio farsa,
meio solta.
Sento no seu dossel
e abro minhas imaginações
deixo aqui indagações
sinto você em tantos verões.
Assim te sustento,
te elevo ao alto
ao alto acaso dos sonhos
assim me movo
em sua direção,
e deixo você colidir comigo
num gesto de satisfação.

INSANOS DESEJOS - VAZIOS PERDI

nada que sou
me vejo
nada que vejo
absorto me entendo
nada que abduso
vazio me conserva
nada que admito
vazio me conserta
nada que falo
vazio de entendimentos
nada que ouço
vazio me perco,
nada que envolvo
vazio vai embora
nada que amo
vazio permanece...

ABRO CASULOS
SEMEIO TEMPESTADES,
COLHO EUFORIAS.
ME ACALMA DOCES E VAGAS
ELEGIAS.
SINTO-ME FARTO
E AO ACASO ME LANÇO
DANÇO AO SOM DOS BERROS,
ARMAS UM JOGO EM MIM
E BRINCAS EM MEU HALL DE ENTRADA.
ME ENCONTRA EM SUAS SALAS
SOU O ABRE-ALAS DE SEU SAMBA,
MEIO TORTO
RASGADO
SINCOPADO EM DISRITMIA.
E RI DOS MEUS SAPOS,
CATIVAS SÃO MINHAS FLORES
E EM LIBERDADE ME PEÇO
UM MOMENTO EM TI
AFIM DE CURAR
O CURARE QUE FICOU DOS BEIJOS
NA SALA DE ESTAR DO SEU ROSTO.

A DOR QUE ME CAUSAS
ME FAZ SANGRAR
PERDER O TINO
IR AO INFERNO EM ALUCINAÇÕES.
PERDI MINHA CENA
E CAÍ EM DESGRAÇA.
PERDI O MEU FOCO
E TÔ EM QUEDA CONSTANTE,
UM EREMITA EM FÉRIAS DE FUGIR.
VIVO ALGEMADO,
UM FRACO EM ÉPOCA DE ESCONDER-SE.
E A DOR QUE ME CAUSAS
NÃO ME REPRESENTA MAIS NADA EM MIM,
AMARGURADO
E INDIFERENTE AO RESTO DO SEU MUNDO.

INCIDE SOBRE MIM TEUS GESTOS
OBCENOS
DESCARADOS
SENSÍVEIS.
SUA CHUVA ME MOLHA
ME ABRASA A PELE
COMO UM RIO CAUDALOSO
E ABRO O JOGO EM TER VOCÊ.
SIMULO CORTES,
ME ABRO EM SANGUE A TE RECEBER
E BEBO DO TEU MEL
AO ENTARDECER.
ABSURDAMENTE TE ABRAÇO
SOFRO EM TER QUE ME SEPARAR
E TE OLHO ENVIESADO
ASSIM DE LADO
QUERENDO TUA BOCA ROUBAR.
SINTO TEU CHEIRO
SER ASSIM EM FEBRE
TERÇÃ
EM PLENO SÁBADO,
E AO ACASO DECIDO
EM TI MERGULHAR.

SEXOS EM ATO

INICIALMENTE UM TESTE,
A PERDA DO MEU LESTE
E NESTE DIA
EU ME FAÇO
A TE ALCANÇAR...
AS NOITES QUENTES ME ALIMENTAM
ME DÃO NUANCES INDA DESCONHECIDAS
E ME CONFORTO EM TE
BUSCAR.
MADRUGADAS SÃO CERTAS
ESTAS A ME DESPIR E ABUSAR...
SINTO SUORES E EFEITOS,
SINTO TREJEITOS EM MIM
A MODIFICAR,
E QUANDO ABRO AS PORTAS DO COFRE
VEJO TODOS OS NOBRES OLHOS
A ME INVEJAR.
O TESTE ANTES FEITO,
ME TORNA O ELEITO A TE CORTEJAR.
E FAÇO DOS MEUS ANSEIOS,
FONTE A TE ALIMENTAR.
E ATO O NOSSO SEXO
A NOS REVELAR

ÓBVIOS E INSENSATOS

DIVIDA COMIGO SUA METADE
METADE DE ZERO
UM ZERO A ESQUERDA
A ESQUERDA DO PEITO.
A DESPEITO DO QUE DIZIAS.
DIVIDA COMIGO SINAIS
EXÍLIOS, E CANÇÕES.
MARQUE O TEMPO SEM RELÓGIOS
E FAÇA DO ÓBVIO ABERRAÇÃO.
DIVIDA COMIGO ANGÚSTIAS,
SINTA PULSARES O PEITO
E DEITO PRA TE CONSOLAR.
DIVIDA COMIGO SENTIDOS,
TATEIE MINHAS ALEGRIAS
OUÇA MINHAS FANTASIAS,
COMA MINHAS OUSADIAS.
RESUMA-ME
DECIFRA-ME
AJUSTA-ME,
E DIVIDO CONTIGO
UM MAR DE ESTRIPOLIAS.

SOU O QUE DIVIDE
O QUE NA VERDADE
É INDIVISÍVEL.
UM INDELÉVEL MOMENTO
QUE ME SUGA
E JULGAS TUAS ADIÇÕES TARDIAS.
SOU UMA PERSONA VADIA
E ADIAS MINHA FUGA AO CAIS.
TORTURO SEGREDOS,
E SEGREDADO ME DEIXO
A CERTEZA DO VAZIO
ASSINA MINHA ALFORRIA
INTITULO EPITÁFIOS,
ASSINALO PICARDIAS
SEM TER PORQUE REVER SUAS SINERGIAS.
PERSONIFICO O EXÍLIO
E ME ENCONTRO AUSTERO
NO MEIO DE SUA FOLIA.

PASSATEMPO

SOU UM PASSATEMPO DO TEMPO,
BRINCO QUE ENTENDO
FINJO QUE APRENDO
E NUNCA ME SURPREENDO.
CANSEI DE ALGOZES FABRICADOS
EM MEUS ACASOS,
JÁ CANSEI DOS ÓBITOS EM VIDA,
TÔ CANSADO DOS NASCERES EM OUTRAS IDAS.
PASSA O TEMPO E
BRINQUEDO ME VEJO
REVEJO JORNAIS VELHOS
NOTÍCIAS POR ACONTECER
E CEDO AO JOVEM E MAGRO ROSTO
O GOSTO DE PASSAR A VIDA,
A LIMPO
E A TEMPO...

SUSSURROS

SINTO GRITOS E SUSSURROS,
AUDÍVEIS SONS CALAMITOSOS
SONETOS ESVOAÇANTES
E ME METO EM TE ATORDOAR.
SINTO CALAFRIOS E ODORES,
FERVURAS DE OLHOS,
CLAMORES DE PELES
AINDA QUE GELES MEUS OUVIDOS.
DIA DESSES PASSO VOCÊ A LIMPO,
LIMPO TEUS POROS E ADMITO SUAS CORES
ORA VERDE,
NORMALMENTE COR DE VERGONHA
OUTRAS VEZES COR DE CARMIM.
NOSSO SEXO AS VEZES SEM NEXO ME AJUDA A VIVER
A VER OS OUTROS SEM TER
A VERGONHA DE ME ESCONDER
E TER QUE TER A FORÇA DOS HIPÓCRITAS
PRÁ FINGIR SUPERIORIDADE
QUANDO EM VERDADE
QUEREMOS TODOS O BACANAL.
SEI QUE NÃO SOU O TAL,
MAS ME FAÇO
ARDO EM PELE
EM FOGO TE QUEIMO
E TE FAÇO EM SUSSURROS
SENTIR O CALOR
DOS MEUS BARDOS OLHOS
INSANOS BRAÇOS
DELICIOSOS ATOS

ENTRE UIVOS E ÓCIOS

ANTES QUE SUBA SUA TEMPERATURA
TE ASSUSTO,
ASSUMO O CONTROLE DE TI,
E COMO UM VULTO,
FAÇO TEUS BRAÇOS TREMER.
UIVOS SEGUNDOS E BERROS,
GESTOS EPILÉTICOS,
ANESTÉSICOS,
E ASSIM TE ESCUTO.
LÍNGUA MOLHADA DE SUOR,
OLHOS E BOCAS A ASSOVIAR,
E NOSSOS ÓCIOS A SE ABRANDAR.
SENTAS EM MIM E DORMES
CORROMPES MEU COLO EM TI,
ESCOSTAS TUA BOCA EM MIM,
E QUE ME TORNES
UM ELO FRACO A SE QUEBRAR,
LAMBE MEU DORSO A SE INSPIRAR
E ME COMOVE COM SUAS CARICIAS
A ME LAMBUSAR,
E QUANDO ASSUMO O CONTROLE
PERCO O CONTROLE DE MIM,
E TE DEIXO FAZER O QUE QUER
DE MIM

SUGANDO O SABOR DOS SONS

SINTO EM TI SABORES,
CULTUO SUAS CARNES E OSSOS,
ADMITO CADA ESPETÁCULO CARNAL EM TI.
E ASSIM ME MOVO,
EM DIREÇÃO AO SEU NORTE,
É QUASE UMA MORTE
UM GOZO EM ETERNO AFLORAR
E QUERO TE AMAR
FLUIR EM TI TODOS OS FLUÍDOS
E TE INVADIR,
E TE MOVER EM CÉUS E INFINITOS,
E TE OUVIR
GEMER, TREMER
SEMEAR SEUS ÁRDUOS GESTOS EM MIM,
E TE PROVER
MORDER CADA CANTO DE TI,
E TE CUSPIR,
SENTIR SUMIR EM MIM,
O GOSTO DE PARTIR.

CONFESSO

CONFESSO DORES
DE AMORES,
SOLIDOES
SUORES
SABERES.
CONFESSO CORES
ARCO-IRIS
CINISMOS
E CARNAVAIS.
CONFESSO VIDA,
AINDA TIDA EM MIM,
AINDA CONFIRMA ASSIM
AINDA MEDITA EM MIM.
CONFESSO AMORES,
ILUSOES
CATACLISMAS
INDECENCIAS
INDOLORES
CONFESSO
SABORES,
QUE VIVO
SUBLIMO
ENSINO
O OUTRO A TER
E SER...

OUTONOS

O OUTONO É DATA BOA,
CANSA OS DIAS,
SOMEM COM TODAS AS LUZES,
HIPOCRITAS DOS HOMENS.
FAZEM APARECER OS ESCUROS DESERTOS
DAS ALMAS,
E MUDAM A ROTACAO DOS DESEJOS.
OS OUTONOS DE MIM,
ME FAZEM NOVO,
ABREM MEUS OLHOS
FECHAM MINHAS BOCAS.
EM OUTONOS
ME FAÇO
ABRO CAMINHOS EM CHUVAS
VIAJO EM MEUS HORIZONTES.
MEUS OUTONOS SAO CONSTANTES
ME FAZEM FORTE
E FRACO
ME CONTORNO EM VERSOS
ME VEJO ALVO
E EM ALVOS ME LANÇO

DIAS FRIOS

MEUS DIAS DE CALOR ME COMOVEM,
ME DEIXAM TENSO EM BUSCA DO FRIO,
ME OBRIGAM A ORIENTAR-ME
AO ORIENTE,
AOS POLOS DE MIM.
CALOR MALTRATA MINHA TEZ,
ESCURECE MEU OLHAR,
PREFIRO OS DIAS FRIOS,
DEIXAM-ME ANESTESIADO
OUVINDO OS SONS DE RESPIRAR.
OS DIAS DE FRIO
ACENTUAM MINHA FORÇA,
FORÇA-ME A BUSCAR NOVOS IDEAIS
IMAGINAR NOVAS SEMENTES
E PLANTAS NOVOS DIAS.
SÃO OS DIAS DE FRIO QUE ME FAZEM EXISTIR,
ROUBAM DO FRIO
O AR À ME RESPIRAR
E VIVO DE CORACAO APERTADO
ESPERANDO OS DIAS FRIOS CHEGAR...

EM DIA DE GLÓRIA, SE SENTE MEDO

OS DIAS DE GLÓRIA
SÃO SEMPRE ASSIM,
ACORRENTADOS COM O MEDO
MEDO DO OUTRO
DE SI MESMO,
MEDO DO MEDO
MEDO DO NADA.
TEM-SE MEDO DE IR A ESQUINA,
NAMORAR AQUELA MENINA,
CURTIR O SEU NAMORADO,
DIAS DE GLÓRIA
SÃO UM FARDO,
PESADO DEMAIS PARA MIM.
POR ISSO ME COMPORTO COMO TOLO,
BEBO ÁGUA DA CHUVA
CAMINHO ENTRE AS ENCOSTAS,
DEIXO SUAS COSTAS EM MIM.
OS DIAS DE GLÓRIA
SÃO AQUELES ASSIM:
MENINOS BANCANDO HOMENS,
SERES SEM NOMES,
HOMENS CORRENDO PRO FIM,
O FIM DA VIDA,
O FIM DA IDA,
O FIM DO INICIO DE UMA LIDA.
MEUS DIAS DE GLÓRIA
SÃO DIFERENTES,
RENTES AO CHÃO,
ALEGRES COMO UM PORÃO
FORTES IGUAIS AO VILÃO.
MEUS DIAS GLORIA
ME REFIRO AOS MEUS DIAS
DE CÃO.

Apregoando Desumanidades, assim me faço

DE TAO HUMANA CARÊNCIA,
ME FIZ DESUMANO.
OLHOS E BOCA EM REVELIA.
OUÇO O ZURZIR DE LÁGRIMAS ESCANDALOSAS
EM MIM,
E ME CONVERTO EM SILVOS SINUOSOS.
DANÇO MÚSICA NENHUMA
E ADMITO SONS INÁUDIVEIS,
MINHA CARÊNCIA FERVE MINHA INSENSATEZ,
E FLERTA
COM MINHA CRUELDADE.
FAÇO DE MIM UM TEATRO,
E ATO VOCÊ EM CENA.
TE AMARRO EM MIM, E
ATUO KABUKIS DE ELEGIAS.
UM FALSO ATOR
DE MEMÓRIA NENHUMA,
UM FALSO ASTRO EM ASCENDÊNCIA,
UM FALSO SONHO
EM EVIDÊNCIA.

DEIXO

E ASSIM ME DEIXO,
CONFIRMADO EM SER SO,
CONFORMADO EM DESCONFORMAÇÃO TOTAL,
UM ASNO EM ETERNA DIVAGAÇÃO
UM LOBO EM EXTINÇÃO.
ME DEIXO LARGADO, CALADO, CANSADO
ASSIM ME DOU
ME DEIXO DADO,
LANÇO DADOS DE VIDA, EM MORTE
MEU MOTE É VIVER
E ASSIM ME ABRO,
VIAJO POR MARES ESCUROS,
E CLAREIO OBSCURAS ÁGUAS
LACRIMOSAS
ASSIM ME GUARDO,
ESTENDIDO FEITO MORTO,
DOIDO DE DESEJO
ACESO AO ABAJUR DE SEUS SONHOS.
ASSIM ME ARMO,
NUM ETERNO CAMPING
MINHA BARRACA VIVE
ESPERANDO A HORA DE VOCÊ CHEGAR
ASSIM ME FALTO,
EM ETERNA ESPERA
DE ALGO

a invasao e feita aos berros,
sinto ainda o cheiro dos kamikazes
me faz bem ouvir os barulhos das bombas
hiroshimas, nagazakis
conquistinhas
sexos indolor
uma piada suje essa
mas assim me alimenta
galhofas ao relento
sereno da madrugada nos olhos
abracos insanos
s.o.s aos navegantes.
o que antes era errado
hj e certinho
e assim me vejo:
acertando os erros...

CONTRA A ADIÇÃO E A FAVOR DA SOMA

SOU UMA CONTRADIÇÃO GRITANTE
UM DANDE
SOU UM ELEMENTO GIGANTE,
UM CAVALEIRO ANDANTE,
UM AMANTE,
NADA DE ANTES.
SOU UMA PEQUENA PARTICULA
RIDICULA,
UMA ILIADA.
SOU MENINO
SEM SINO,
SEM TINO,
UM HINO...
SOU UM CAMINHO DE CURVAS,
A RAPOSA E AS UVAS,
UMA TURVA E ENORME LUVA...
SOU UM PEQUENO DEUS,
MENOS ZEUS,
DE REPENTE ME SINTO
MEU, NÃO MENOS SEU

VEREDICTO

NADA MAIS QUE UMA PALAVRA,
UMA SENTENÇA,
VEREDICTO.
VERDADE SEJA DITA,
NADA A DIZER.
ENGRAÇADO COMO TE CONHECO,
COMO DESCONHECO FRONTEIRAS EM MIM.
ME DESESPERO, ME ENXERGO AMIÚDE
E TE PROCURO NOS LAGOS DE LÁGRIMAS
ESCONDIDOS EM MIM.
E MERGULHO COMO UM ESCAFANDRISTA,
EM BUSCA DOS SEUS
OLHOS DE PÉROLAS

GUARDAS EM TI ALGO NOVO,
AINDA NÃO DESCOBERTO PELOS MORTAIS.
UMA DÁDIVA ÚNICA,
NÃO VIVIDA POR NINGUÉM,
ALÉM DE TI.
GUARDAS EM TI MEU SANGUE,
CARNE CALADA DE HOMEM.
VIVAS OS SONHOS DE OUTROS,
FAÇA DE SI UM DESVÃO,
E SE DÊ AOS POBRES DE CORACAO.
ENTREGA-TE AOS FRACOS DE ALMA,
E SE PERCA NOS FORTES DE DESEJOS,
E QUANDO NAO MAIS PODEREIS DIZER NADA
FAÇA DE SI UMA CHEGADA,
UM PORTO SEGURO AOS SURDOS,
UMA DOCE A VAGA NUVEM AOS BURROS,
E SE DÊ
EM NOME DAQUILO
QUE CHAMAS
SILÊNCIO.

SEDA PURA

SAUDO SUA VOZ AO SENTI-LA,
SINTO OLHOS DE VOZES ELETRICAS,
NAO ESTAS.
E ME CONDUZO ENTRE CORREDORES DE CASTELOS,
QUEBRO TODOS OS ERROS EM MIM
E CHORO.
CORRO EM DIREÇÃO A VOCÊ,
FUJO DAQUILO QUE ME ALIMENTA,
CONTENTA-ME CANTAR SUAS CARAS,
SENTIR SEUS ODORES,
E FLORES A DESPETALAR.
OBSERVO SEUS GESTOS INSONES,
ACHO COMOVENTE SUAS TRANSAS,
SUAS CARAS E BOCAS,
LOUCAS.
E A SEDA QUE VESTES,
A OESTE DEIXO CAIR,
E EM MINHAS MÃOS,
FAÇO A PUREZA DOS SEUS OLHOS
SE PERDEREM NO CALOR
DOS MEUS ABRAÇOS

O SECO DOS OLHOS

ALIAS ME VEJO CALMO,
HOMEM FADO CANSADO, MEIO TONTO
HEDIONDOS DESEJOS POSTADOS,
ALMAS CORTADAS EM PELE VIVA
O SECO DOS OLHOS AGORA CHORA,
LAMENTA A PARTIDA DA SUA CHEGADA,
SUA CHEGADA CANSADA,
DORIDA DE PALAVRAS VÃS.
MENINOS SONHAM OASIS,
CANTAM DELEITES
AMAM DONZELAS,
SAUDADES DOS TEMPO DE MENINO,
SEM DINHEIRO NO BOLSO,
E ALMA TRANSBORDANDO ELEMENTOS TONICOS,
SAUDANDO AS AGUAS DE IEMANJAS,
E CRESCENDO EM FONTES DE OXUNS.
HOJE HOMEM CALADO,
PERCO HORAS NOS CHUVEIROS,
CHORO GOTAS DE SOLIDAO,
BEBO ALCOIS E NAO EMBRIAGO.
PAGA-SE UM PREÇO PELOS ABUSOS,
O ABUSADO SOFRE MAIS,
A VITIMA SEMPRE SOFRE,
CORRE E CORRE,
HOJE BANDIDO ME VEJO,
REVEJO CONCEITOS E ME LANCEIO.
SINTO O CHEIRO DE MINHA CARNE ENLAMEADA,
E VOLTO A SECAR O SECO DOS OLHOS.

CORACAO SANGRANDO

UM CORACAO QUE SANGRA,
UMA FADA QUE EMANA,
A PAZ DOS AIS NA CAMA.
ASSIM ME SINTO OBJETO,
MEIO RESTO, MEIO RETO
TORTO HOMEM QUE SOU,
UM PASSARO EM ETERNO DESATINO,
UM MENINO TOCANDO UM SINO...
ME VEJO BALBUCIANDO FLORES,
COMENDO ERVAS
VOMITANDO DORES,
ME PERCO NA SUA CHEGADA,
E CHORO CADA MINUTO EM TI PERDIDO.
UM CORACAO QUE SANGRA,
CHAMA,
GRITA NOMES ESCUSOS,
ENSURDECE OS HOMENS NO ESCUROS,
E METEM MEDO AO MEDO DO MEDO.
UM TIRO CALADO,
UM CORACAO CALADO,
E UMA ALMA LANÇADA.
UM CORACAO QUE SANGRA,
DANÇA
QUEIMA A ALMA EM ETERNA DANÇA,
BRINCA EM ETERNA CIRANDA,
E DANÇA.
UM CORACAO QUE SANGRA,
CRIANÇA,
DANÇA, CHAMA E ALCANÇA.
UM CORACAO QUE SANGRA,
AMA.

Há em mim uma luta selvagem,
uma aragem de ser quem não se pensava,
um passagem entre meu céu,
e o resto do mar,
uma canção sem mão de amar,
Há em mim pinturas intimas,
desenhos encapados em papel mache,
dentro de mim há oq se viver,
Há em mim dores de outras eras,
quem me dera ser um passado
bem a ferro quente,
Quem me dera ter as correntes,
que prendem meu ser ao mar,
Há em mim clamores de decencia,
uma pequena lamina de inocencia,
e há em mim,
um doce e vaga
nuvem...

nem tenho o que dizer a alguém que emana sentidos e sentimentos
as vezes verbos,
as vezes sonoridades
nem sei me comportar em ti,
as vezes invado,
as vezes me perco nos latifundios
e as vezes invadido me deixo
nem sei me ver sem vc
assim sorrindo
fazendo nosso jantar
fazendo nosso joguinho
nem sei te beijar sem sua boca
é através dela que me ouço
e me calo num gesto de deleita
e deito em ti
e em ti me guardo

Entao anda,
canta pra mim seu soneto,
Manda,
Santa promessa desfeita
Chama,
A chama da vela se apagou
Clama,
Grita por mim em sonhos.
Então diga,
Grita sussurros escandalosos em mim
Irrita,
Me tira do serio e me coma,
E fuja de si pra mim...

Hj é seu dia de festa,
nem sei se me resta
motivos a cantar.
Hj e seu dia de danca
quem sabe se lanças
um sonho no mar.
Hj é seu dia de ansia
um bj me cansa
e saio a chorar.
Hj é seu dia de luxuria,
um corpo e agruras
e sinto vc suar

AMANHECI SOZINHO,
INCIPIENTE DEMAIS PRA MIM,
MILAGROSAMENTE VIVO ME ENCONTRO,
A ERMO CONSTRUO MEUS CASTELOS DE LENCOIS,
COMO INFANTE,
ABRIGO-ME EM JAZIGOS DE VALORES.
EM DEZEMBROS,
ME PERCO ACOITADO,
ME ACUSO SENTIDOS INDA DESCONHECIDOSE
ME COMOVO
COM DESDITAS PALAVRAS
OUTRORA CALADAS

LIBERDADE

MINHA LIBERDADE ME PRENDE
EM VAZIOS DE ESPACOS,
MINHA CARNE CHORA
SILÊNCIOS GOTEJANTES,
MINHAS PALAVRAS PESAM
NUM CÉU DE ALGODÃO.
MINHA BUSCA IGNORA O PORVIR,
ME ENTENDO QUANDO ME PERCO,
E ME PERCO DENTRO DE TI.
MINHA SILENCIOSA ALMA
CANTA SUA CHEGADA
E MORRE EM SUA PARTIDA.
EU SOU UM PEDAÇO DE HOMEM
UM RECORTE NO TEMPO,
UM ELO CORRENTE.
SOU UM MIMETISMO
TÃO INERENTE A MIM.

saudade é algo que queima
e faz doer,
me faz correr pra seus braços,
e em teu abraço viver...
menina,
nao me deixanem me perca de vista,
que um dia eu juro,
faço um trono onde vc se sentará
e de lá decidirá o meu futuro,
ao seu lado,
em sua frente,
em suas partes.
me arde a pele pensar em vc
e nao te ver
mas quando penso,
consigo mudar a realidade
e trazer vc pra perto!!!

um dia desses num arroubo de desejos,
me abro,
calo teus gestos e sufoco teus medos,
me caibo,
invado teus vaos,
modifico tuas vestes,
me faço,
um reu de criança,
a tua lua na dança,
uma ciranda,
e armo,
um circo de fugas,
uma alma de lutas,
me mato,
e nasço em tua pele,
choro correntes,
abraço sementes,
e calo...

E não há nada oq se fazer
quando penso em vc,sofro,
choro me desespero,e ainda sim penso em vc...
que magia é essa que me move,
que me comove,me remove montanhas.
Anda vem ver teu amor,
abracar teu homem
e renascer no meu mar.
Não me deixe sofrer,
nem me faça ver o lado ruim do mundo
Deixa eu te amar,
e fazer de sua vida um carrocel,
girar como o mundo,
e me perder em seus cabelos.
Pra toda noite eu poder me banhar em vc
e ganhar de vc o mel...

QUERO TER VOCÊ

QUERO TER VOCÊ PRÁ MIM,
ASSIM,
ALI, PODE SER.
SONHO EM TE TER,
E TER QUE TER CORAGEM
PRÁ NÃO TE DEIXAR VAGAR,
SEM MIM,
SEM SI
MESMO.
QUERO TER VOCÊ,
E NÃO TER QUE TER QUE PARTIR,
E IR.
QUERO MESMO É FICAR,
E DAR DE MIM O QUE FOR,
E COLHER DE VOCÊ O MEL,
E FICAR.
QUERO TER VOCÊ
PRÁ NÃO TER QUE SOFRER,
POR TER QUE TE DEIXAR,
QUERO MESMO É FICAR.
QUERO TER VOCÊ,
E TANTO FAZ,
SE VAIS,
POIS SE VAIS, EU VOU,
SE FICAR, FICAMOS.

QUANTA DOR

E JOGAS EM MINHAS MÃOS O LAÇO,
QUERES ME VER FORA
PELO MENOS AGORA,
PRÁ QUE SE SINTA MELHOR.
E O FAÇO,
NÃO ACHO RUIM,
SEM FORÇAS, É TUDO MELHOR,
ASSIM.
E TEUS RETRATOS SÃO FARDOS,
CARREGADOS EM MIM,
E TEUS RISOS, SÃO TODOS LINDOS
MESMO CALADOS, SEM GARGALHAR.
É DOR DEMAIS A QUE SINTO,
EU QUERO TER VOCÊ
E NADA POSSO FAZER,
EU QUERO RIR,
ESTAR EM TI,
E NÃO POSSO,
AGUARDO A NOITE NEGRA SUMIR
PRÁ QUE NO NOVO DIA
EU POSSA ACREDITAR QUE VOLTARÁ,
A ME DAR O PRAZER EM TE AMAR,
RIR DE SUAS GARGALHADAS,
E PODER AMAR SUAS PALHAÇADAS.

FOCO

ME FOCO EM SUA PELE
SINTO SEU PERFUME,
E NO CUME DA MONTANHA
ESTÁ TUA BOCA,
Ó GAROTA,
DEIXAR EU ROUBAR TUA BOCA?
E ME DAR COMO PROVA,
QUE ÉS LOUCA,
O BASTANTE A SE DAR PRA MIM.
DOBRAS O VESTIDO,
LINDO, SUAVE CAMAFEU EM FORMA DE PELE.
CORRAS PRÁ MIM,
MEUS BRAÇOS A ESPERAM
E TEMEM
NÃO CHEGARES,
NAVEGO TODOS OS MARES
A TE ENCONTRAR.
POVOAS OS MEUS SONHOS,
UMA MOÇA DA ALDEIA
QUE ME AGUARDA
DE O MAR CHEGAR,
O MEU MAR
É O AR, QUE RESPIRO,
VIRO E CHORO,
E MEUS OLHOS SE NAVEGAM EM MIM,
EM DOCE PARTIDA
EM BUSCA DE TI.

NAS RUAS PROVOCANDO OS CASAIS

NÓS DOIS SOMOS LOUCOS,
SEM JEITO.
SEMPRE NÃO DISFARÇAS,
SEMPRE ME ESCAPAS,
E SUA BOCA DIZ,
COISAS SEM SENTIDO,
QUE ENTENDO E RIO.
MAS CALO,
O MEDO É FORTE.
PROVOCAS OS CASAIS
MOSTRAS NOSSA CARA,
ISSO NADA TEM A VER,
MAS AINDA SIM MOSTRAS.
E NOTAM,
INCOMODAM-SE,
SUFOCAM SUAS DORES.
NAS RUAS, ME PROVOCAS
TENTATIVA DE UM TOQUE,
ME PROVE?
E NÃO PROVO,
APENAS MOSTRO,
NUM BEIJO,
E O MUNDO CALAENQUANTO NOSSO TOQUE ESTALA

GANDAIA

HOJE TÔ NA GANDAIA,
E SAIO, OLHO,
PROCURO E NÃO VEJO.
TO DESESPERADO,
E TE ACHO.
TREMO, QUASE CORRO,
MAS MORRO,
DE MEDOS, SEM MEDOS TE DOU A MÃO.
NOS OLHAMOS,
TOCAMOS, AS MÃOS.
E QUANDO VOCÊ PASSA
PEGO FOGO,
ME MOVO,
EM DIREÇÃO A SUA BOCA,
E LOGO MORDO,
SEU ROSTO.

A FONTE

MEU CORPO ESTÁ FECHADO,
LACRADO COMO UM PACOTE,
SELADO ESTÁ,
SEM CELAS.
NÃO NEGAS,
A FONTE QUE VIVIA A SE BANHAR
HOJE É SEM RUMO,
LIVRE TEU CORPO DA DOR,
POIS JÁ CHEGOU A HORA DE VIVER UM NOVO AMOR.
MINHAS FONTES
NÃO MAIS SE RENOVAM,
GELAM,
E NÃO SE ABREM PRA TI.
ENTENDA,
DE UMA VEZ EU FUI,
SEM DIZER ADEUS,
AGORA O QUE TE RESTA,
É ME DAR ADEUS,
AINDA QUE EU VOLTE
E PROVE QUE QUERO,
POIS SE QUERO,
É PORQUE NÃO VALES A PENA.

VOCÊ ME DEVE UM SONHO

EM NOITES DE AMOR,
NÃO ACORDO MAIS,
MEUS SONHOS SE SOBRAM
ME ROUBAM A CALMA,
ME ESQUENTA A PALMA,
DA MÃO.
VOCÊ FOGE,
QUER ALGO QUE NÃO TENHO,
CHORAS UM CORPO QUE NÃO VEIO,
NÃO HÁ VEIOS EM TEU RIO.
MEUS SONHOS RECALCADOS
ABREM SUAS ASAS DE HÁRPIA
E NUM LANCE DE SEGUNDO
ME DEIXAM EM TEU NAVIO,
VAGO,
SEM ÁGUA,
AFUNDANDO,
EM LÁGRIMAS.
VOCÊ ME DEVE,
NADA MAIS QUE UM SONHO,
E NÃO COBRO,
RECOBRO A LUCIDEZ
E FUJO, PRÁ LONGE,
PERTO DE MIM,
DISTANTE DE VOCÊ.

ESCUTA

ENTÃO ME DIGA
REFLITA SE ESTÁ VOLTANDO,
E ME MOSTRA SUA FORÇA,
ESTRANHA,
ENTRANHA,
ESTRANHAS MINHA CARA.
MAS NÃO DIGA QUE NÃO ESCUTA,
MINHA VOZ TÃO INALCANSÁVEL
HOJE SÓ FALA A VOCÊ
O QUE EU POSSO FAZER POR NÓS DOIS,
O QUANTO PODES PREVER POR NÓS?
ESCUTA,
NÃO PLANEJE, NÃO SEJA
SÓ SINTA,
ESCUTA,
ME CUTUCA SE PRECISO FOR,
MAS NÃO ACEITO SILÊNCIOS,
POIS O SOL VAI SE ESCONDER,
E SÓ CONTIGO A LUA PODE ME FALAR.

POR QUÊ?

NÃO SEI O PORQUÊ
NEM O QUANDO,
SÓ SEI ESCRAVO QUE SOU.
POR QUE MENINO?
POR QUE QUER TANTO ASSIM?
EU SÓ QUERIA CALAR
EU SÓ QUERIA ANDAR.
E VEIO VOCÊ
TODO INTEIRO, PRONTO,
ENTREGUE
A MIM, FOI DADO.
ANINHA-SE EM MEU COLO
E DE LÁ NÃO SAI
NEM O PENSA FAZER,
ALINHA-SE AO MEU OMBRO,
E ME BEIJA OS OLHOS,
E LÁ FICA, MEU.
POR QUE CRIANÇA
ME ESCOLHESTE TEU,
ME DESTE O SEU,
E DESPE-ME A VESTE
E COBRE-ME COM SEUS DEDOS?

GUARDA EM TI MINHA ALMA

VOLTE LOGO MEU AMOR,
MEUS SONS AINDA TE CHAMAM,
MEUS VERSOS AINDA TE CANTAM,
MINHA VOZ AINDA RECLAMA.
SOU UM SERVO SEM SENHOR,
UM DEUS ENTREGUE
E NÃO MENOS HUMANO.
CONSOLA-ME EM NOITES QUENTES,
ASSOPRA-ME EM DIAS FRIOS,
ESQUENTA-ME NO ESTIO,
DELICIA-ME EM QUALQUER LUGAR.
GUARDA EM TI A MINH’ALMA,
RESGUARDA CONSIGO MINHAS PALAVRAS,
INSANAS,
INSTANTES,
EFEMERAS.
LEVA CONTIGO MINHA ALMA,
ELEVA CONTIGO MINHAS CALMAS,
TODAS,
QUE PUDERES,
SE QUISERES.
E SÓ QUANDO NÃO MAIS ME QUISERES
É QUE RESOLVO TE TOMÁ-LA.
MAS, GUARDA CONTIGO MINHAS FALAS.

LEVE-ME DAQUI, MAS NÃO ME TIRE DAQUI

QUERO SAIR,
CORRER MUNDO,
SENTIR PERIGOS.
QUERO FOGOS,
ARTIFÍCIOS,
MESMO SACRIFÍCIOS.
FUGIR E ME DESMANCHAR
ESTRAGAR PLANOS E PROJETOS,
MANCHAR MINHAS CAMISAS DE PRAZER.
E ME PERCORRER NO SEU CÉU,
DA BOCA
DA BOCA PRÁ DENTRO.
QUERO ME LEVAR DAQUI,
E ME CONSERVAR EM TI,
MESMO QUE SEJA ALI.
NA CAMA,
NA GRAMA,
NOS DIAS DE SOL,
NOS SÁBADOS DE CHUVA,
NOS FERIADOS DE CINZAS.
ME LEVO ATÉ AÍ,
E ME ESQUEÇO DENTRO DE TI,
BEM DENTRO DO SEU MAR.

FIZ PRÁ VOCÊ

NÃO DURMO,
SEI QUE SOU RAPAZ ESFORÇADO,
MAS NÃO DURMO,
NÃO CONSIGO ESQUECER SUA FACE,
É FASE, O AMOR É FASE.
PENSO E DESCUBRO QUE É UMA FRASE.
O AMOR É UMA FRASE.
E AINDA ME COMOVO, ME EMOCIONO.
PRÁ VOCÊ EU FIZ,
NÃO UM TEXTO, SEM ODES NEM POESIAS
NÃO É UMA DECLARAÇÃO,
SIM, UMA CONFISSÃO.
TE AMO, E MAIS QUE TUDO
AMO TE AMAR.
ME CONCEDA ESSA DANÇA!
ME CONCEDA DANÇAR COM SEUS SONHOS,
AMONTOÁ-LOS EM MEU SER,
E TRADUZÍ-LOS PARA MINHA LÍNGUA.
EDITAR SUAS FANTASIAS,
REVELAR SEUS ÁLIBIS,
ME DEIXA EM TI, ME DEIXA INVADIR.
FIZ PRÁ VOCÊ,
UMA SERESTA, NÃO ESTA,
UMA SERESTA INÁUDIVEL
AOS OLHOS E OUVIDOS DOS OUTROS.
PRÁ VOCÊ ME FAÇO,
ME CRIO, ME TRAÇO,
DO JEITO QUE SONHARES ME CONTRASTO,
DO JEITO QUE QUISERES,
ME ENTREGO,
E ME DEVOLVO A VOCÊ,
QUANDO O QUE EU FIZER PRÁ VOCÊJÁ NÃO FOR MAIS INDELÉVEL

NA PAZ

SÓ SE VIVE A PAZ EM GUERRA,
SÓ SE BUSCA A PAZ EM QUEDA.
NÃO SE VIVE EM PAZ
AO MENOS QUE SE SOFRA,
AO MENOS UM BOCADO.
NA PAZ ESTÃO MINHAS IDÉIAS
IDEOLOGIAS,
UTOPIAS, SEMPRE ELAS.
MINHA PAZ É UM TURBILHÃO,
UMA PROFUSÃO DE SONHOS, NÃO VIVIDOS
UM EMARANHADO DE FIOS DE VIDA
SEM NENHUMA AMARRA.
A MINHA PAZ É UMA CIRANDA,
QUE ANDA E ANDA,
FINGE POR HORAS,
E NO FIM, SEMPRE DORME.
É A MINHA PAZ EM GUERRA
QUE ESCUTAS TODAS AS NOITES,
EM SEU QUARTO, COMO TIROS DE ARMA,
CANHÕES, ALABASTROS.
MINHA PAZ É MINHA LÂMINA,
COM ELA CORTO A APATIA AO MEIO
E A SIRVO EM PRATOS DE SABADORIA
NA MESA DOS DESEJOS.
A MINHA PAZ É CONSTRUÍDA COM TIJOLOS
DE DOR E LÁGRIMAS.
A MINHA PAZ ESTÁ NA PAZ,SÓ POR HOJE NÃO QUER GUERRAS

DIAS DE CHUVA

DIAS DE CHUVA SÃO LINDOS,
SEMPRE CINZAS,
COR DE SOBRIEDADE E NÃO LUCIDEZ.
NOS DIAS DE CHUVA EU VIVO,
ENCANTO OS PÁSSAROS MUDOS,
RACALCO MEUS PECADOS,
DESCALÇO, CORRO ENTRE AS POÇAS.
SÃO NOS DIAS DE CHUVA QUE
MINHA VERDADE APARECE
SEMPRE MOLHADA,
SEMPRE MINHA.
QUANDO CHOVO,
EU CHORO, DE ALEGRIA,
SIMPLES EXISTÊNCIA MESMO.
QUANDO CHOVO, ME PERMITO.
ME CONCEDO DORES,
LÁGRIMAS E RISOS MANCOS.
QUANDO CHOVER DE NOVO,
PROMETO TE DIZER
O QUE EM MIM NÃO SE PASSA,
POIS SÃO NOS DIAS DE CHUVA
QUE ME ENCONTRO VERTIDO
DE VESTES HUMANAS
E NÃO MENOS DÉSPOTAS.

AO ENTARDECER

QUANDO O SOL CAIR
PROMETO NÃO MAIS TE VER
PELO MENOS POR HOJE,
CONCEDO-ME NÃO TE BEBER.
ENCANTA-ME A CHANCE DE
PELO MENOS EM PENSAMENTO
NÃO QUERER SER FUGAZ.
QUERO E PRECISO DE PAZ.
VAI ME DEIXA SOZINHO,
FOGE AO VENTO,
SENTE A PELE CORTADA PELA BRISA
SENTE O CORPO QUENTE ESFRIAR
PELO MENOS POR HOJE,
FAZ DE VOCÊ UMA REALIDADE.
AO ENTARDECER,
EM TODOS OS DIAS DE MINHA VIDA
SINTO QUE PELO MENOS EM INSTANTES
EU POSSO SER ASSIM,
DIZER O QUE NÃO PENSO,
SENTIR O QUE NÃO SINTO,
FUGIR QUERENDO FICAR,
SEI LÁ,
VIVER E NÃO QUERER MORRER.
AO ENTARDECER,
ME PARECE O ÚNICO MOMENTO
EM QUE NADA SERÁ PARA SEMPRE
E ME CONVENÇO DA SERIEDADE QUE É
VIVER.

FÔRMAS E FORMAS

AS FORMAS E FORMAS DE SE DIZER ADEUS
SÃO MUITAS,
MUITAS SÃO AS FORMAS DE FUGIR.
FORMAS UM ELO COMIGO,
UMA CORRENTE,
FRÁGIL, FÁCIL...
TALVEZ.
AS FORMAS DO SEU CORPO
ME ENVOLVEM,
UMA CONSPIRAÇÃO EM ME TER.
FORMAS MEU PAR AO AVESSO,
TEÇO UMA NOVA TEIA,
UM NOVO LAR.
UM SUBMUNDO QUE ME CAIBA.
UM ADEUS SE EM FORMA,
DE TCHAU,
DE MAL ESTAMOS.
SE DIZ EM CIRANDA.
AS FORMAS DE SE DIZER ADEUS,
FORMA EM MIM A MÁGICA DOR
E ME CONSERVA NO ETERNO PASSADO
DOS SEUS SONHOS GASTOS.

DISCUSSAO

UM LEVE TOQUE DE SABEDORIA
UM BREVE MEXER DE CABELOS
UMA DOCE E CÁLIDA SINFONIA
DE OLHARES.

UMA FORTE E DENSA NOITE
MEXE COM MINHAS ENERGIAS
UMA DISCUSSÃO ME COMOVE
UM SONHO ME MOVE.

MENINOS SÃO MOINHOS
MENINAS ELEGIAS,
EU SOU CATAVENTO
O QUE NÃO SOU É SINERGIA.

MINHAS ELOCUÇÕES ME CONDENAM
SOU UM RÉU À REVELIA
UM CRIADO QUE MUDO FICA
NÃO FICO MAIS NESSE LUGAR.

E ME SEPARO DE MIM
E ME CONSERVO INEXATO
E ME PRENDO A VOCÊ
E MAIS UMA VEZ EU FUJO DE TI.

MUSICA

A MÚSICA É COM SUBLIMAÇÕES
QUE A ESCUTO,
MÚSICA É EFEITO, SENSAÇÃO,
CAUSA DE TUDO.
A MINHA MÚSICA É INGRATA...
NÃO CABE EM MIM,
EXPANDE-SE POR MEUS DELÍRIOS.
INVADE MINHAS SONORIDADES TODAS,
CONVERTE-ME EM FUSÕES DE ACASO,
DEVOLVE-ME ABDUSIDO
E CONSTRÓI-ME
EM CASTELOS DE AREIA E CALMA.
REVERTE-ME COM PELE
DILACERADA DOS INSULTOS,
DITA-ME A REGRA DO SEU JOGO.
E POR FIM,
DIZ-ME QUE SUA MÚSICA
É APENAS CONSTRUÇÃO
DA MÚSICA QUE TOCA EM MEU SER.

DUAS VIDAS SEM DESTINOS

SUA CARA ME ESPANTA,
COMOVE-ME ATÉ.
DEIXA-ME INSEGURO
E PARAFRASEADO.
SUAS SINTONIAS NÃO ENCONTRAM
AS MINHAS ANTENAS.
TODA A SUA SIMPATIA,
É COMO GIZ EM DIA DE CHUVA,
ESCORRE PELA SARJETA
E DEIXA APENAS A MARCA
DO QUE NÃO HOUVE.
IDNIGNAÇÕES SÃO SUAS,
SIMPLISTAS DEMAIS PARA MIM.
PREFIRO AS RESIGNAÇÕES,
FAZ-ME UM POUCO IGUAL AO RESTO
DO NADA.
O QUE BUSCAS EU NÃO SEI NÃO,
SEMPRE INVIAVÉIS AOS
MEUS OLHOS.
O QUE DESEJO É SEMPRE
NÃO BUSCAR O INVIÁVEL,
CONTENTO-ME EM TER
O INTOLERÁVEL.

AUTO-RETRATO

EM MINHAS VEIAS CORREM
O LÍQUIDO VISCOSO DAS
IDEOLOGIAS PERDIDAS
NAS ENCOSTAS DOS RIOS REVOLTOS
DA AGONIA.
MINHA PELE EXALA
O CHEIRO DOCE DOS SONHOS FUGÍDIOS
E DESENCONTRADOS.
MEUS GESTOS RESGUARDAM A
DOÇURA FEBRIL DOS OLHOS
DE CRIANÇA AINDA SONOLENTA.
MINHA APARÊNCIA É
TOLA COMO A DE UM ARLEQUIM,
MINHAS ENTRANHAS SUPORTAM
APENAS O FRACASSO COMO MÉRITO.
OS MEUS DESDÉNS SÃO
INDIFERENTES A MIM E
A TODOS QUE SOU.
MINHAS ELOCUBRAÇÕES NÃO INVADEM
PENSAMENTOS ALHEIOS,
NEM TAMPOUCO
OS QUER INVADIR.
MINHA DOÇURA É COMO LÁSTIMA
DE UM CASAMENTO FRACASSADO,
MAS HÁ ALGO EM MIM
QUE NÃO SE CONSEGUE MENSURAR
NEM DITAR SUAS DEFINIÇÕES,
MINHA IGNORÂNCIA.
ESSA É DETENTORA DE TODA;
E QUALQUER POSSIBILIDADE
QUE ME ELEVA AO ACASO
DAS HORAS INFERNAIS E DAS
NOITES INSEGURAS.

SER POETA

SER POETA É CATALIZAR TODA
A LOUCURA NUMA FORMA DENSA
E ELOQUENTE.
LIMITAR SUAS INSANIDADES
AO ILIMITADO.
SER CICERONE ONDE TUDO É DESCONHECIDO.
SER POETA É MALDAR AS ILUSÕES
E FORJAR INEXATAS SITUAÇÕES,
QUE AOS POUCOS SE TORNAM INSUSTENTÁVEIS
A OLHO NU.
POETA É QUEM EXPRIME MEDO
COM GALHOFA
E AMOR
COM SUBLIMAÇÕES.
SER POETA É ACORDAR NA MADRUGADA
E TRANSFORMAR SEU DESEJO EM POESIA.
SER POETA É DOAR O QUE NÃO SE TEM
E RECEBER O INQUESTIONÁVEL.
É ANTES DE TUDO CAMINHAR EM DESALINHO,
GRITAR QUALQUER COISA AOS VENTOS,
É SER HUMANO,
QUE AMA,
QUE CHORA E BERRA,
MAS NÃO SE ENGANA.