INTIMAMENTE ME SITUO EM VOCÊ

INTIMAMENTE SINTO VOCÊ.
PAIRANDO SOBRE
MINHAS EMOÇÕES.
AS PALAVRAS QUE EU QUERIA
DIZER, MAS QUE
APENAS ERAM DITAS SOB
A TUTELA DOS DECLIVES
VOCAIS.
E EU GEMIA.
COMO DESCREVER A SUA EXISTÊNCIA
SENÃO PELO ATO DE UNIÃO
DOS NOSSOS CORPOS?
COMO ABRIGAR O AMOR,
SEM A POESIA DOS
SEUS MEMBROS SUPERIORMENTE
ATRELADOS AOS MEUS?
E INTIMAMENTE ME
SITUO EM VOCÊ.
COMO UM SEM-TETO QUE PRECISA
DE ABRIGO,
E ENCONTRA NAS MARQUIZES
DA SUA PELE
O LUGAR PARA
SE PROTEGER DAS
CHUVAS E TERREMOTOS DE
PALAVRAS.
E INTIMAMENTE TE
RECEBO EM MIM.
COMO QUE UM PACTO
SILENCIOSO,
SEM A NECESSIDADE
DAS PALAVRAS,
MAS COM A OBRIGAÇÃO DAS AÇÕES.



(Feito prá você,
com você
e por você...
Não há tempo
nem lugar
que possa separar
a minha alma da sua)

É HORA DE IR E PARTIR

TEM UMA HORA
QUE É HORA DE IR,
PARTIR PRA PODER FICAR,
TALVEZ MARCADO,
TALVEZ APENAS LIMITADO,
ALIVIADO DAS DORES.
TEM UMA HORA
QUE O SILÊNCIO
DIZ POUCA COISA,
NOS DEIXA À MERCÊ DOS INSTINTOS
NÃO MENOS HUMANOS QUE
AS DORES.
TEM UMA HORA
QUE É PRECISO LARGAR
TUDO E FICAR APENAS
COM O QUE NÃO NOS
SOBRA,
COM O QUE NÃO É NOSSO.
TEM UMA HORA,
QUE É HORA DE
DIZER ADEUS,
E NÃO SOFRER COM ISSO,
APENAS SUSTENTAR AS PALAVRAS
COM A FORÇA DOS OLHOS.
E SE CHORAR,
DESCOBRIR QUE É
HORA DE PERDER AS
HORAS.

ACUSO ESSA CIDADE

AS MINHAS MEMÓRIAS
ACUSAM-ME DE TER-ME
PERDIDO NAS TEIAS
DOS SUB-ALIMENTADOS DE SONHOS,
DE TER-TE PERDIDO
EM MEIO A IMENSA MASSA
VAZIA
DOS SUB-NUTRIDOS DE ALMAS,
E POR CERTO,
ACUSAM-ME DE TER SIDO EU
O CAUSADOR
DOS ABALOS SÍSMICOS NAS
ARTÉRIAS DOS ESQUECIDOS.
EU POR MINHA VEZ
ACUSO ESSA CIDADE
DE TER ME ROUBADO
CADA CENTÍMETRO
DAS MINHAS LARGAS AFEIÇÕES
POR VOCÊ,
E ACUSO CADA CANTINHO
QUE TE ESCONDES,
DE TER-ME TIRADO
OS TEUS OLHOS,
MINHA BÚSSOLA.
E ASSIM,
ACABAMO-NOS
PERDENDO DOS NOSSOS PLANOS,
QUE JÁ NASCERAM FÚNEBRES,
ANTES DE SE ANUNCIAR
O FIM.

DOIS EM MIM

EXISTEM DOIS HOMENS EM MIM.
AQUELE QUE FAZ A BESTEIRA,
E O OUTRO QUE RECOLHE
OS CACOS.
UM QUE DESLIZA LADEIRA
À BAIXO
E O OUTRO QUE CHORA
OS FERIMENTOS DA QUEDA.
O PRIMEIRO REMOVE
MONTANHAS DO CAMINHO,
O SEGUNDO REFLETE SOBRE
AS PEDRAS DO CAMINHO.
EU ME SINTO EM DUO
CONSTANTE,
NÃO SABENDO NEM ME POR DISTANTE.
ME VEJO REFLETINDO
NUM ESPELHO EM MINH'ALMA,
QUERENDO NÃO ENXERGAR
OS CARMAS.
O QUE DANÇA
ME FAZ BEM,
O QUE FICA PARADO
ME DEIXA VIVO.
O QUE USA ALMAS,
NÃO SE INCOMODA.
O QUE SE DEIXA USAR,
CHORA ATRÁS DA PORTA.
DIA SIM E DIA TAMBÉM,
UM DELES ME INVADE,
NOS DIAS QUE CHORO,
ME SINTO FRACASSADO,
NOS DIAS QUE RIO,
DEIXO O MUNDO ENGASGADO.
E ASSIM EU VIVO,
NOS DIAS ÍMPARES
ME COMOVO,
NOS DIAS PARES,
ME ABRO AO QUE É NOVO

LÁGRIMAS LAVADAS NA CHUVA

NOS DIAS DE CHUVA
ANDO CANSADO,
FAÇO CARNAVAIS EM COPOS DE CERVEJA,
E BUSCO OLHARES
QUE AINDA NEM ENCONTRO.
NOS DIAS DE CHUVA
CAIO,
REFAÇO-ME DAS QUEDAS
E TORNO A CAIR.
A QUEDA É DECISIVA
NA MINHA VIDA,
É DELA QUE TIRO FORÇAS
PARA LEVANTAR,
AFINAL
OS ERROS ME PERMITEM A CHANCE
DE FAZER TUDO NOVAMENTE.
NOS DIAS DE CHUVA EU DANÇO,
ETERNAS DANÇAS DE CASULO,
ME FECHO EM SISTEMAS
DE INSULTOS,
E ME DEIXO NÚ,
ENTREGUE AO SABOR DAS ÁGUAS.
NOS DIAS DE CHUVA
ENCANTO,
CABELOS MOLHADOS,
PELE QUENTE
E SUORES ESCONDIDOS.
NOS DIAS DE CHUVA
VIVO,
ME DEIXO LANÇAR
MISTÉRIOS
E QUANDO MENOS IMAGINO
APARECE-ME ESPELHOS
A REVELAR
AS MINHAS ALEGRIAS
DOS DIAS DE CHUVA.
ÚNICOS MOMENTOS
EM QUE A MINHA TRISTEZA
É REALMENTE LAVADA,
POIS LÁGRIMA NÃO LAVA
TRISTEZA,
MAS MARCA A SUA EXISTÊNCIA.

MENOS DE UM MINUTO

EM MENOS DE UM MINUTO
POSSO DIZER TE AMO,
DIZER QUE FOI ENGANO,
POSSO ATÉ FINGIR UM ANO.
EM MENOS DE UM
MINUTO,
POSSO COMETER EQUÍVOCOS,
DAR-TE OS MEUS
ANTÍDOTOS,
E AINDA SIM ME
SENTIR FRUGAL.
EM MENOS DE UM MINUTO
FINJO SUSSURROS,
ABRIGO EM TEUS OUVIDOS
OS MEUS URROS
DE PRAZER E DOR.
EM MENOS DE UM MINUTO
DESCUBRO MEUS ERROS
OUÇO SEUS APELOS,
E SAIO.
E DA PORTA,
EM POUCO TEMPO
DECIDO
O FIM,
QUE COMEÇOU EM MENOS
DE UM MINUTO.

BRINCADEIRA DE RODA

E QUANTO A MIM,
SOBRARAM OS ENCANTOS.
OS DESEJOS EM MIM
FIZERAM MORADA,
E NESSA DATA,
ENDEREÇAM CANTADAS
AO MEU SER ENFIM.
OS MEUS DIAS TURVOS
NÃO ME INCOMODAM MAIS,
AS MINHAS VIRTUDES
NÃO ME ESCONDEM
EM MIM,
NEM BRINCAM DE PICULA.
E QUANTO A MIM,
VIVO TRANQUILO NO MEU
MUNDO, SEM LUGAR
PARA INTRUSOS,
MESMO OS CONVENINENTES,
POIS A MIM,
SÓ ME CABEM MEUS ETÉREOS CARINHOS,
E NADA
MAIS.

AMO TU, CRIANÇA

AMO A TUA DANÇA,
TEU OLHAR DE CRIANÇA,
TUA LINDA E BELA CIRANDA.
AMO TUAS PALAVRAS
MESMO QUE SEJAM CALADAS
OU MESMO SUSSURRADAS,
E DELAS PASSO A AMAR
TEUS GESTOS,
BOCAS CARMIM,
OLHOS FUSTIGADOS
CORPOS SERENOS,
CINTILAM MEUS DESEJOS.
AMO A TUA VESTE
DE CRIANÇA SAPECA,
A TUA BAGUNÇA ALEGRE,
A SUA CANTADA
SINGELA.
AMO CADA DETALHE QUE NÃO CONHEÇO
CADA CAMINHO QUE ME PERCO,
CADA CANTINHO QUE TE ENCHO
DOS MEUS SONHOS
POR UMA ÚNICA BUSCA:
OS ELOS, QUE AGORA NÃO SE PERDEM
SE ENCONTRAM,
EM FESTAS
DE CORAÇÕES.

PAIXÕES

HOJE SEI QUE SOU
UM PÁSSARO PERDIDO,
PROIBIDO AOS OLHOS DOS
HOMENS INFIMOS,
APRISIONADO COMO SEMENTE
NO CHÃO.
CANSADO DE TANTOS "NÃOS"
RECEBIDOS POR MIM MESMO.
DESCOBRI SERES SELVAGENS
QUE EM DIAS DE CHUVA
CANTAM.
DEIXAM DE SI,
SAUDADES.
LEVAM DO OUTRO,
FIDELIDADE.
NÃO A CASTIDADE
DOS TRAIDORES,
MAS A CERTEZA DA ABSOLVIÇÃO
DOS ERROS.
A PAIXÃO
COMANDA O HOMEM EM SUA
JORNADA,
MAS O ATO DE APAIXONAR-SE
SÓ SE TORNA REAL,
QUANDO NÃO EXISTE
A PAIXÃO
PELO OUTRO,
E SIM,
A PAIXÃO POR SI MESMO,
PELA IDÉIA DE ESTAR APAIXONADO.

DIA DOS NAMORADOS

TENTEI ENCONTRAR NESSE DIA,
VERDADES.
O DIA DOS NAMORADOS
DEVERIA CHAMAR-SE
O DIA DAS VERDADES.
ONDE DESCOBRIMOS O QUE SENTIMOS
A QUEM SENTIMOS
SE SENTIMOS.
IMAGINEI DURANTE O DIA
MOMENTOS
ETERNOS RECONCILIAR DE VISÕES,
ADULTEREI PALAVRAS
INDA NEM PROFERIDAS,
MEMÓRIAS
INDA NEM ESQUECIDAS,
E ESQUECIMENTOS,
JÁ TÃO PERTENCENTE AO MEU INTIMO.
O DIA DOS NAMORADOS
DEVERIA CHAMAR-SE
O DIA DOS INSULTOS,
PERDIDO EM MERO ACASOS,
SUSPEITOS ACONTECIMENTOS
SEM CHANCE DE SE TORNAR REAIS.
E EM CADA ROSTO NÃO VIVIDO,
IMPLORO UMA MIGALHA
UMA PEQUENA E SINGELA
PALAVRA.
O DIA DOS NAMORADOS,
DEVERIA CHAMAR-SE
O DIA DO ESQUECIMENTO,
MAS EM MIM
APENAS MARCA
O DIA DO NOSSO CASAMENTO,
QUE NUNCA DEIXOU DE SER PROJETO,
MAS FOI ARQUIVADO EM MEUS SENTIMENTOS.

PALAVRAS (PHILO SU)

SAUDADES DAS MINHAS PALAVRAS
CALADAS,
OUTRORA GRITADAS,
MAS AINDA SIM
MINHAS PALAVRAS.
QUE CORTAVAM OS SENTIDOS
QUE DEIXAVAM MARCAS
E MARCAVAM OS BEM QUISTOS.
SAUDADES DE DIZER TE AMO
QUANDO AMAVA,
DIZER TE ODEIO
E NEM SABER O SIGNIFICADO DA PALAVRA
DE RIR QUANDO DIZIA "ERREI".
SINTO FALTA AINDA DAS PALAVRAS
QUE FICARAM POR DIZER
PALAVRAS QUE FUGIRAM DO ÉDEN,
E DEIXARAM MINHA BOCA SECA,
SEDENTA DE PALAVRAS
QUE ME DEFINEM.
SAUDADES DAS PALAVRAS
VÃS,
SEM SENTIDOS,
MAS QUE BUSCAVAM NÃO DIZER NADA,
E DIZIAM TUDO.
O QUE SINTO FALTA NAS PALAVRAS
É DO SEU ROSTO CHORANDO
DIZENDO
NUNCA TER OUVIDO
TAMANHAS PALAVRAS,
TALVEZ INDECENTES
CERTAMENTE INOCENTES.

ANDO MEIO PERDIDO

ANDEI POR ENTRE
CORRENTES PERVERSAS,
HORDAS DE CAVALEIROS
PERDIDOS NAS SUCESSÕES
DE ACASOS.
ATÉ CURARES COLHI,
COMO SE FOSSE UM MINERADOR.
E COM AS MINHAS MÃOS ERGUIDAS
ATEEI FOGO NO ÂMAGO
DAS CENTELHAS
CHAMADAS PRESUNÇÃO.
NO PRESENTE
TENHO TORNADO MEUS DIAS MAIS
FÁCEIS DE SOBREVIVER,
PARA NÃO TER QUE
LUTAR PELAS REMOTAS
CHANCES DE VITÓRIA.
TENHO JOGADO FORA
MEUS LENÇOS UMEDECIDOS
DE TRISTEZA,
CAMPEADO MEU
TERRENO FUGÍDEO,
NA BUSCA DAS CERTEZAS
PARA MEUS QUESTIONAMENTOS
SEM POR CERTO CRER.
E PRO FUTURO
CONFESSO
NÃO ESTAR ACREDITANDO EM MUITA COISA,
PRINCIPALMENTE,
NO QUE NÃO É CAPAZ DE
SE TRANSFORMAR EM AÇÃO.

SEMENTE

EU QUERO MENOS
ILUSÕES NAS MINHAS
HORAS CANSADAS,
MENOS DECISÕES
TOMADAS EM HORA
ERRADA.
MENOS SATISFAÇÕES
HIPÓCRITAS.
QUERO MENOS AINDA VER
VOCÊ ENXERGAR AS MINHAS LINHAS TORTAS.
QUERO MENOS
MESQUINHEZ HUMANA,
MENOS SOLIDÃO
E INFAMIA.
O QUE QUERO COM MAIS INTENSIDADE
É SENTIR MENOS DOR,
MENOS RANCOR,
UM POUCO MAIS DE ARDOR
PELA VIDA,
AINDA NEM VIVIDA,
SOMENTE PROJETADA.
QUERO MENOS SUOR DOS DIAS
E MAIS CALOR HUMANO,
MENOS SORRISOS INDELÉVEIS
E MAIS GARGALHADAS
BACANAS.
QUERO VOCÊ
ASSIM SEM MEDO,
E COM MEDO DE PERDER
A NOSSA SEMENTE,
O AMOR.

Trancado

Um dia me tranquei em você
e de lá nao mais saí...
sofri,
sofri,
mas ainda sim
estou aí.
estou morto nesse momento
e para sempre,
e trancado em você estarei
eternamente.
Não há chaves para o resgate.
Não há como pular janelas
nem frestas
nem fontes inseguras de alegrias tristes.
Não há como gritar por socorros,
nem ligar aos bombeiros.
Aqui me perdi
e aqui me coloco.
Se não mais me veres
é que em você
caminho a ermo.

Culpa

quando dizem que tudo esta bem
quando acaba bem
me sinto tao mal
que me parece nada ter acabado
ou talvez nem tivesse nada existido.
Tudo como uma pequena produção ilusoria
das minhas desejadas
alegrias nao vividas
dos meus amores nao vividos
da minha propria existência ainda nao
presenciada.
sou um vazio
e assim estarei a ser
nessa ou noutra dimensão existencial
das coisas que nunca fui
e nem sei se o gostaria.
Pensar que tudo tem um fim
é bom,
ao menos não sofro
com a perspectiva das dores infinitas
que me invadem de algum
lugar do meu vazio
e preenche a minha
culpa existencial
da minha própria trajetória.

Inferno

Meu inferno
é vivido a cada dia
com a alegria de quem
pela primeira vez se corta
e chora pelo sangue que nao volta
e pela dor que dilacera.
Meus momentos não são vividos
são guardados em compotas
esperando a hora de serem
excluídos.
As minhas palavras
não existem. Me fazem sempre
de cicerone,
mas nunca se fazem reais
perante à minha existência.
Sou um elemento distinto do mundo
que se mostra por não mostrar
que sofre,
sem nem sofrer.
Mas, que presencia a vida
passar
e da janela
chora
com a mesma alegria
que me fez cortar-me.

POEMINHA

Não acredito mesmo em palavras
nem em gestos,
a minha crença
reside na certeza
dos momentos em que palavras estao caladas
gestos estao cansados
mas ainda existem os olhos...
a mudar as trajetórias das setas
a mudar o curso das retas
e seguir sempre em festa.

TRENS E SENTIMENTOS PARADOS

NÃO ME FAÇO CONCLUIR HISTÓRIAS
NÃO VIVIDAS.
DEIXO-AS CRER
QUE PASSARAM
E NUMA DAS VOLTAS
QUE A VIDA DÁ
ASSUMO O LEME DO BARCO
E MUDO A ROTA
DOS MARES.
PARA MIM
NÃO EXISTE HISTÓRIA
MAL VIVIDA,
O QUE HÁ
É O NÃO CONDUZIR DA NAU,
O QUEBRAR DA BUSSOLA
O FENECER DAS VONTADES.
HISTÓRIAS DE FINAIS TRÁGICOS,
POR CERTO QUE SE
ACABAM POR DESCAMINHOS,
E HISTÓRIAS SEM FINAIS
INEXISTEM POR DESENGANOS.
AS MINHAS HISTÓRIAS
SEMPRE ACABAM.
PARA NÃO HAVER EM MIM
O SENTIMENTO DO TREM
NO FIM DA LINHA

VERBOS E AFETOS

O PARA SEMPRE,
JÁ PASSOU.
O NUNCA MAIS,
JAMAIS EXISTIU.
O EXÍLIO
É APENAS UM ALOJAMENTO
DE ESCOTEIROS.
O TALVEZ NÃO É DÚVIDA
É APENAS CHARME.
O PORQUE
NÃO SUGERE PERGUNTA,
MAS AINDA SIM,
COBRA UMA RESPOSTA.
O ACABOU
É SEMPRE PASSADO,
O IMPORTANTE É O COMEÇAR.
O TENHO MEDO
É MENTIRA.
SE FOSSE VERDADE,
NUNCA SERIA DITO.
O "EU TE AMO"
É APENAS IDÉIA.
O REAL É O
EU TE QUERO.
O ME PERDOE NÃO EXISTE.
O QUE EXISTE É
"QUE SE DANEM".
O NÓS NÃO É PALPÁVEL,
MATERIAL MESMO
É O "EU".
A ÚNICA COISA
QUE NÃO É DUPLAMENTE FALSO
É O SILÊNCIO.

ABRA AS PORTAS E JANELAS

ENTRE,
BATA NA PORTA
E DEIXE O VENTO PASSAR.
DEIXEI AS PORTAS DO SILÊNCIO
ABERTAS
ESPERANDO QUE SEU ECO
INVADA MINHAS JANELAS
PONDERADAS.
QUERENDO UMA RESPOSTA
PARA OS ALABRATROS NAS MÃOS.
IMAGINANDO UM CORAÇÃO PULSANTE
POR BAIXO DAS SUAS VESTES DE
CARNES E CLAUSURAS.
PARA ASSIM
DIVIDIR MINHAS ALEGRIAS EM ESTAÇÕES.
E NO OUTONO
DO SEU CORPO,
PODER DESPETALAR AS FLORES
PRIMAVERIS
QUE BROTAM NA SUA INSENSATEZ
TÃO MARCANTE
AOS MEUS IGNORANTES
OLHOS.

ESTRADA E ÔNIBUS

NÃO PENSO NA MINHA VIDA
COMO ESTRADA
QUE SEGUE POR
DOIS LADOS,
MAS COMO UM PONTO
DE ÔNIBUS,
QUE PODE TANTO FAZER
ESPERAR O PRÓXIMO ÔNIBUS
OU CHORAR A PERDA
DO ANTERIOR.
AS MINHAS OPÇÕES
É QUE SÃO ESTRANHAS,
POIS NÃO ESPERO
CHEGAR NEM
TAMPOUCO CHORO PERDAS.
NA MINHA VIDA
O QUE VALE A PENA
É A EXPECTATIVA DO ACONTECER.
NÃO O PRÓPRIO ACONTECIMENTO.
O NÃO TER PRÁ MIM
DÓI MENOS QUE O
TER E TER MEDO
DE PERDER.

ESPELHO

NÃO ME PORMENORIZE POR SUAS AÇÕES,
NÃO ADMITO SORRISOS SEUS
ASSIM ESCANCARADOS,
SOU DIFERENTE DA
SUA EXISTÊNCIA.
ME CANSA TODA A SUA BELEZA
ESCUSA,
OS SEUS METICULOSOS GESTOS,
OS SEUS ARDIS DE ARTISTA.
NÃO ME OLHE COM SUAS CARAS ENGRAÇADAS
NÃO TENHO INTENÇÃO
DE ME FAZER PALHAÇO,
ACORDEI CANSADO
BUSCANDO UM TOM QUE CAIBA,
BUSCANDO UM SOM
QUE POSSA ME OUVIR.
DETESTO TODA A SUA POESIA
DE BOTIQUIM,
A SUA BAGUNÇA ARRUMADA
DA ALMA,
ESSA SUA IDEALIZAÇÃO DE VIDA.
TÔ CANSADO É DE OLHAR NA SUA
CARA,
E VER QUE NADA MUDOU
TANTO TEMPO
E TUDO CONTINUA A SER
CINZENTO.
SINTO FALTA
É DAS MINHAS IDOLATRIAS,
OS MEUS JOGOS DE VERDADE,
OS MEUS ELOS DE MENTIRA.
E QUANDO VOLTARES A VER A VIDA
TERÁS PERDIDO MUITO
TEMPO,
PORQUE ESTOU CANSADO DE VOCÊ
ESPELHO.

UM MOMENTO... E TUDO PASSA

AGORA QUE A CHUVA
ESTÁ FIRMADA EM NOSSOS DIAS,
QUERIA PODER TER UM
GUARDA-CHUVAS
PARA TE PROTEGER DAS DORES DA VIDA
SABER MAIS DE VOCÊ,
IR ATÉ OS SEUS MOMENTOS TRISTES
E DISSIPÁ-LOS
FEITO BRINCADEIRA DE RODA.
NÃO PÁRA DE CAIR ÁGUA
NA CHUVA DOS MEUS OLHOS,
A SAUDADE APERTA
E VEJO MEDO
ME VENCER,
QUERIA MESMO PODER
TE ACHAR POR MAGIAS,
E NUNCA MAIS PERDER VOCÊ DE VISTA.
POR QUE NÃO VOLTAS LOGO
A ME PROCURAR SORRINDO?
CANSEI DE VER SEUS OLHOS
TRISTES TODOS OS DIAS.
AGORA QUE TÁ CHOVENDO
LÁ FORA,
VOLTE A ME FAZER FELIZ
VOLTE A ME TRAZER SEU GIZ
E RABISCAR NAS MINHAS
ALEGRIAS
OS BELOS MOMENTOS QUE VIVI
EM SUA COMPANHIA.

TENHO MEDO

TENHO MEDO.
DE PALAVRAS CANTADAS
VERBOS ACIONADOS,
SITUAÇÕES DORIDAS.
TENHO MEDO
DE MALDADES
DE BONDADES
E DE GOSTAR DE AMBAS.
TENHO MEDO
DOS GESTOS,
DOS GELOS,
DOS CALORES,
NÃO ADMINISTRO BEM
DOSES EXAGERADAS DESSES MALES.
TENHO MEDO
DE SORRIR SEM QUERER
DE CHORAR POR QUERER
DE AMAR...
TENHO MEDO
DE VIVER FUGINDO
DE MORRER ASSUMINDO
DE ESTAR NA LINHA DE
VIDA OU MORTE.
TENHO MEDO
DOS ABRAÇOS DADOS
DOS CARINHOS OFERTADOS
DAS PROMESSAS QUEBRADAS,
NÃO ME COMPORTO BEM
PERANTE ILUSÕES.
TENHO MEDO
DO QUE ESCREVO
DAQUILO QUE PENSO
DE TUDO QUE DEIXO DE PENSAR,
PODERIA SER IMPORTANTE.
TENHO MEDO
DO AGORA, ASSUSTA
DO ONTEM, MACHUCA
DO AMANHÃ, INÚTIL.

ENCAIXE

Hoje eu descobri sorrisos,
olhos espios
que me buscam em suas retinas.
Descobri pilares
vontades de ser sentidos.
Imagino meus minutos incosntantes
Não querendo passar
Sonhando ser eternos.
Imagino cada canção cantada
Cada gesto prometido
E divago possíveis gostos
contidos em minha pele.
As luzes da cidade
principiam flertes
Todos querendo cirandas
Corpos e mãos vazias
querendo preencher-se
do outro.
Sem medos,
Sem iguais
Todos vendo
na diferença
uma chance de encaixe.

TODOS OS DIAS EU CHAMO: SAUDADE

Todos os dias
da minha vida
eu sofro.
É dele que tiro forças
para me arquejar e não mentir.
Todos os dias da minha vida
eu morro.
E no meu funeral
ao invés de flores
Lágrimas ao revés,
Sorrisos dolentes,
pedindo meu retorno.
Todos os dias da minha vida
disfarço
Duelos,
Balas perdidas
Embates comigo
e com meu eu.
Suaves discussões que terminam em sonhos.
Todos os dias da minha vida
eu choro.
não me permito sorrir,
sem conhecer motivos.
O sorriso ignorante
é débil,
vazio de porquês.
Todos os dias da minha vida
adormeço.
E sonho bosques,
alegrias
insultos
instantes
instintos,
vivo.
E não tenho medo
de me arriscar
A ousadia
só pertence aos loucos
os normais
preferem a certeza da
não-dor
à busca do sentir.

ABRI VAGAS EM MEUS DIAS

DESCONHECO CADA PASSO MEU
OS CAMINHOS QUE SIGO NÃO
SÃO PARA DEIXAR RASTROS.
E SE ME ACABO,
É CERTA A FESTA.
ABALOS SÍSMICOS
EM MINHA ALMA,
JÁ NÃO REPRESENTAM PERIGO,
OS MEDOS NÃO SÃO EM MIM,
NEM ME FIGURAM MAIS.
ANDO SOZINHO
ARRASTO MINHAS CORRENTES,
SER LIVRE,
É ESTAR PRESO
À VONTADE DE NÃO ESTAR PRESO.
ABRAÇOS,
SÃO PARTES DE MIM QUE CONDENO,
SÃO SEMPRE DOTADOS
DA VONTADE DE REPETIR.
SOFRIMENTOS?
CONGELEI-OS
EM MEU FREEZER
CHAMADO ESQUECIMENTO.
E JÁ NEM ME LEMBRO
DO ROSTO QUE VIVI
NO PASSADO,
O PASSADO?
NÃO VOLTA, NEM FALTA FAZ.
QUERO PRESENTEAR-ME
COM O HOJE.
O AMANHA? VAZIO.
ABRI VAGAS EM MEUS DIAS.

DESUMANIDADES

MEUS DIAGNÓSTICOS SÃO CLAROS,
LOUCURA:
PORQUE TER MEDO DE DIZER
O QUE PENSO,
SE PENSO?
TER MEDO DOS DESEJOS,
SE OS ALIMENTO?
SOFRO DE ALICUNAÇÕES:
MEUS MEDOS SÃO VIVIDOS,
MEUS AMORES DEGLUTIDOS,
TODOS,
SEM ARREPENDIMENTOS.
ESTOU ADOECIDO
DE MELANCOLIA:
CANSEI DE VIVER ILUSÕES
ADMITO SAUDADES,
NOSTALGIAS
E NUM COPO DE VINHO
AFOGO SUA IMAGEM,
NÃO ME FAZ BEM SUPOSIÇÕES.
DIZEM QUE VIVO A ESPERAR PRESENÇAS
PORQUE SOFRO DE SINERGIAS:
VIVO A ME CONDUZIR A SUA CAMA
ME MISTURAR AOS SEUS FLUÍDOS,
ME LAMBUSAR COM SUA SALIVA.
MEUS DIAGNÓSTICOS
SÃO CLAROS,
SOFRO DE DESUMANIDADE:
OS HOMENS SOFREM DE AFASIAS,
APATAIS, IGNOMÍNIAS,
PUSILAMINIDADES,
ALTERAÇÕES DE SI.
EU SOFRO DE SABERES,
CONSCIÊNCIAS
CONSTRUÇÕES E
DEMOLIÇÕES.
SOFRO DE SOBERBA,
NÃO DE IGNORÂNCIA.