OUTONO INTERMINÁVEL

DECIDI CAMINHAR ENTRE ÁRVORES
E DELÍCIAS
ALMAS E CARÍCIAS
E VIVER EM ETERNO ABANDONO.
PREMEDITEI CADA UM DOS MEUS AFETOS
CADA UM DOS MEUS SINGELOS
GESTOS
E VIVI TANTO TEMPO ESMAECIDO
POR UM TEMPO GASTO
DAS CHUVAS INTERMINÁVEIS DE OUTONO.
NUNCA PENSEI QUE EU FOSSE
ACABAR FEITO LINHA DE TREM
UM TREM PAGADOR
UM TREM BALA
A FALTA DE SABOR DE VIDAS
E DA MINHA ESTADA NA TERRA
LEVAREI APENAS PASSADO
PORQUE O PRESENTE
NÃO EXISTE
QUANDO NÃO EXISTE BUSCA.
A MINHA BUSCA ACABOU
COMO ACABAM AS MAÇÃS
NO ÉDEN,
COMO ACABAM AS IRMÃS
E IRMÃOS,
COMO ACABAM MEUS ARPÕES,
E ATIRO NA MINHA ALMA
UM CERTO CINZEL
QUE ME CORTA E ME DEFINE:
UM PRINCIPE ROTO
EM FIM DE FEIRA,
UM ANSIÃO EM ÉPOCA
DE MANSIDÃO E ESPERA,
DA PASSAGEM.
EU QUE NÃO TENHO PASSAGENS
PERMANEÇO LÓGICO AO QUE NUNCA SERÁ MEU
A VIDA.